A História do Colonization V

Prelúdio – Império Pacificador

Na Capital Pacífica…

O Governador observava Pacífica do alto da Torre de Comando do Espaçoporto. Era um lugar bem alto, o mais alto da Cidade Nova, e de lá ele conseguia divisar o oceano. A sala tinha equipamentos modernos, computadores de última geração, mas… ele sentia falta dos antigos Hologramas. Eram… tão melhores! Tão… tão tangíveis!

O planeta hoje estava calmo, enquanto Kappa Aquila (que um dia já se chamara Fortuna) ia se pondo no horizonte. Nenhuma morte. Nenhum homicídio. Nenhum suicídio. Pouquíssimos furtos. Estava tudo indo bem. Bem até demais, pensava o Governador. Ele não gostava quando tudo estava calmo, pois sabia que era prenúncio de uma tempestade.

Um pequeno Bankhoziano entrou na sala. Era uma mulher, bem atraente apesar da idade. Tinha um agradável cheiro de tomilho e ervas, e usava uma espécie de terninho antiquado, de Hyperweave, e uma saia que ia até exatos dez centímetros além de seu joelho. Dona Kara, era seu nome, e era a Ministra Adjunta da Imperatriz Hyperion.

“Governador, boa noite. Trouxe os relatórios do último ciclo. Receio não ter grandes novidades.”

“Boa noite, Dona Kara. De fato. Estamos com o que? Noventa porcento de desemprego?”

“Er… na área estatal… sim. Mas a área privada está fazendo um bom trabalho.”

“Sim. Sim… bom trabalho. Mas até quando? Até quando?”

“Não sei lhe responder, Governador.”

***

A estagnação do planeta na seara governamental era contundente. Sim, claro, as empresas privadas cresciam em demasia, mas elas também teriam um limite, principalmente por estarem isolados apenas num só planeta.

‘E pensar que éramos bilhares e estávamos espalhados pelos quatro cantos da galáxia conhecida.’ – Pensou consigo o Governador. ‘Se não tivesse sido a Praga, ainda seríamos uma das maiores raças e não estaríamos apenas observando o horizonte.’ – Continuou. “Precisamos começar a nos expandir. Ficar por aqui não irá resolver os nossos problemas futuros. Principalmente pelo fato que qualquer tipo de comunicação com o Império demora várias semanas, quando no muito eles tem alguma resposta.” – E olhou de soslaio para Dona Kara.

“Senhor, mas isso não é culpa do Império, bem sabe vossa senhoria que a galáxia a gigantesca e muitas das tecnologias de viagens interestelares e comunicação foram perdidas nas inúmeras batalhas travadas pelo império, basicamente nós voltamos, em muitos casos, para o nível de tecnologia pré-expansão imperial e tem vários setores que são ainda mais primitivos que nós, por exemplo.”

“Setores estes que estavam sob o comando dos Pacificadores até o surgimento da Praga. Eu ainda digo que esta maldição foi engendrada por alguém do Império. Ter bilhões de cabeças pensantes como Oficiais de Segurança não era algo seguro o suficiente para alguém…” – Falou o governador calmamente.

“Se eu não morasse aqui por tantas décadas e não conhecesse o senhor por um tempo tão longo quanto, diria que isto que falou agora soa a traição…”

“Traição ao que? A um Império que só existe no núcleo e deixou esvanecer aos poucos um dos seus grandes aliados? Não devo lembrá-la que antes dos Pacificadores, o Império teve de perder dezenas de milhões de pessoas nas batalhas que ele tivera de lutar. Nós fomos engendrados para a Guerra e Pacificação. Temos um tino para acabar com quaisquer ameaças e somos extremamente adaptáveis a qualquer situação ou terreno. Você sabe bem, os Bankhozianos nunca perderam um crédito imperial em todas as batalhas que fomos em frente, na verdade, fomentamos a economia imperial de uma forma como nunca vista antes…, ainda assim, após a Praga, ficamos de lado. Sofremos as maiores perdas populacionais, econômicas, políticas e coloniais se comparado a quaisquer outras raças que fizeram parte do Imperium… sem contar os nossos próprios problemas e guerras civis que nos fizeram perder ainda mais força e solidez. Agora eu pergunto, Bankhoz irá nos apoiar na nossa empreitada de reestabelecer os Pacificadores como força motriz desta galáxia?”

***

Na Capital Pacífica…

“Bankhoz não pode apoiar ninguém em nada. Não sabemos nem mais qual é a estrela-natal de Bankhoz… e o Império não existe mais. É uma pena que os Pacificadores tenham tido uma queda tão absurda, mas não podemos contar com ninguém externo para nos ajudar.”

Nesse momento, um Dracon de dois metros e quinze entrou na sala. Ele vestia apenas uma sunga e inúmeras joias em seu corpo, algumas cravejadas diretamente em seus ossos. Seu corpo era forte, e ele era extremamente definido, com sua pele marrom-clara se destacando contra as superfícies brilhantes da sala do Governador.

“Não temos mais naves, de qualquer maneira. Nem mesmo temos um mísero modelo de um Laser ou de um Torpedo. Não temos mais a tecnologia dos Motores de Dobra. Resumindo — não temos como explorar nada, quanto mais colonizar outros lugares.”

E então uma Pacificadora entrou na sala. Era a Ministra do Desenvolvimento. Usava roupas simples, porém bem talhadas, quase um uniforme militar.

“Não temos também Indústrias nem Mineradoras — ou a tecnologia necessária para construí-las.”

“E a sociedade civil?”

“Bem… eles tem alguma coisa, mas nada suficiente para criar o que criávamos outrora. E não apenas isso — praticamente não temos minérios.”

O Governador tinha muito a pensar. Mas havia outras coisas ainda mais prementes.


Nas Selvas de Pacífica…

Indy Pacificum era um soldado, um explorador e um exímio amante. Não que sua última qualificação fosse importante… mas para ele, era.

Embrenhado nas selvas mais profundas de pacífica, Indy buscava respostas… respostas para A Praga. Respostas para A Queda. E mais importante de tudo — ele queria saber quem diabos era a Imperatriz. Afinal, seus livros de história, que eram bem antigos, diga-se de passagem, diziam que havia um Imperador Hyperion. Um tal de Helios Prime. Que, bem… não era um Hyperion, mas sim uma IA extremamente sofisticada.

O que a Selva de Pacífica tinha a ver com essa história? Nada, era bem verdade… mas havia um relay de dados de Hyperrede (ou assim diziam as lendas e os registros de imposto de renda!) e se ele conseguisse encontrá-lo… poderia tentar acessar a rede do Império.

Indy não estava sozinho, claro. Junto ia um grupo de quatro Pacificadoras maravilhosas e super atraentes — as Dominatrixes. Elas eram exímias cientistas, arqueólogas, hackers e uma excelente praticante de massagem tântrica. Com elas — e Indy — rapidamente conseguiriam obter informações sobre o Império. Isso, claro, se sobrevivessem à malária…

***

Na Capital Pacífica…

Havia muita a ser feita em Pacífica, principalmente pelo fato que os últimos governos foram extremamente negligente para com o mundo onde vivem os pacificadores. A história dita que o império não existe mais não era algo que o governador acreditava, na verdade, eram poucos em altos cargos que pensavam desta maneira.

Algo que durou milênios simplesmente não poderia desaparecer assim. Poderia mudar de nome, poderia estar cooptando com planetas menores em regiões próximas ao núcleo galáctico, mas esse tipo de poder não morre, apenas muda de grupo para outro. E algo precisava ser feito.

E o Governador-Geral tinha muitos planos para Pacífica, assim como para ex-colônias dos Pacificadores que estão espalhadas por toda a Galáxia. Ele então acessou o Sistema Una, a rede primordial de computadores de Pacifica e de todos os Pacificadores. Dentro do cyberespaço, todo e qualquer usuário do Sistema usava uma espécie de avatar para navegar pela rede.

Era sabido que a Rede em si havia sido criada há, pelo menos, pelo menos cinco séculos e era algo completamente integral a sociedade Pacificadora. Os cidadãos do planeta e das colônias em sua tenra infância tinham implantes ciberorgânicos inseridos em seus corpos. A cibertecnologia era premente em toda a sociedade e o acesso ao Sistema Una acontecia quando a criança atingia a idade de seis anos para se acostumar a navegar e ter acesso a informações do sistema.

Claro que como tudo tão antigo haviam partes da Rede que estavam irrevogavelmente “destruídas” e quem acessasse aqueles lugares poderia ter uma morte tão brutal do seu avatar como de uma pessoa real no mundo tangível e tanto navegante quanto ao ícone seriam deletados. Não havia como reparar estes lugares, pois as técnicas usadas não eram compatíveis com o que era usado hoje.

Na verdade, o Sistema Una estaria na sua versão 772.01, pois haviam mudanças periódicas na mesma e em algum momento a sua linguagem e forma de navegação não era mais compatível com os Antigos Lugares, sem contar os Buracos Negros dos Daemons, partes do sistema que tinham contato a outros trechos do mesmo, mas foram sendo desconstruídos ao longo das décadas, séculos chegando ao ponto de se tornarem locais completamente irreconhecíveis. Apesar disto ainda havia alguns que diziam que foram a estes lugares e viram coisas absurdas ou, algo diferente.

“Acesse o arquivo ARJ.X1701. E repasse aos ministros. Vamos começar a nossa expansão planetária.”


Nas Selvas de Pacífica…

A distância que Indy e suas parcerias haviam percorrido parecia que fora algo que ele fazia constantemente quando atuava como professor na Universidade de Barda Quente Del Valle. Ali ele atuava como professor de Xeno-arqueologia, pois o planeta, como um todo, era uma grande mina de tesouro.

Além de já terem encontrados artefatos como a Sanha do Rei Mantur, que consistia numa história sobre um prisioneiro de Guerra de algum dos vários conflitos que os Pacificadores faziam parte e que ele foi mantido como Prisioneiro de Guerra em Pacífica. O que ninguém sabia é que ele tinha o DNA alterado e usava os seus feromônios para manipular os homens e mulheres da prisão, causando uma revolta algumas semanas depois.

Ele conseguia fazer isto porque além do DNA alterado, havia em seus corpos “comportas” para expelir um tipo de cheiro em específico para certos indivíduos. Após esta grande revolta, o Rei fora decapitado pelo Comandante Timber, ele fez com orgulho no peito, principalmente quando soubera que as suas duas mulheres (a oficial e a extra) foram manipulados pelo Rei e obrigando-as a participar de um trisal.

Após a morte deste Rei, o seu corpo fora estudado e suas comportas retiradas. A divisão de Guerra de Armas Bioquímicas aproveitaram o conhecimento conseguido através das análises e criaram o Sistema de Alcance e Controle Organizacional (S.A.C.O) para controlar as populações que surgiam em grande escala em outros planeta ou, até mesmo, em Pacífica.

Uma das dominatrixes veio falar com Indy após dar uma bala tapa na sua nuca quando alguns mosquitos tentavam lhe atacar para chupar sangue.

– Então…

– Então?

– Então que a gente está nesta selva infestada de mosquitos. A Diana já pegou treze doenças diferentes e olha que já demos todo tipo de injeção nela. Eu não sei ela quer virar algum recorde mundial. A outra lunática, Tamis, nunca ficou tão entusiasmada em colher todo tipo de planta, mesmo aquelas que quase arrancaram um braço dela. E nem vou falar de Clarissa.

– O que tem ela?

– Não vou falar… – Disse a dominatrix que estava perto de Indy.

– Ué, você levantou o nome da Clarissa e não vai dizer o que ela fez ou deixou de fazer?

– Ela QUIS treinar as posições de Chi do Tantra numa galirda!!!

– Mas as galirdas são extremamente perigosas e…

– E só aparecem a noite. Mas ela soube por algum vídeo de um TicoTecor que as galirdas é que tem os pontos de pressão mais próximos de um pacificador.

– E ela quis testar essa teoria… – Bateu a palma da mão na testa, tanto por conta do absurdo ali dito quanto um mosquito que já deveria estar na sua quinta refeição. – Por que Kenia não falou nada? Ela trabalhou no Pacto News durante anos filtrando todo tipo de informação inútil.

– Alguém vai ligar para isso? Quando você está na sua bolha social, dificilmente consegue sair dela e o tal desse TicoTecor posta, ou postava, alguns vídeos extremamente convincentes. Se a gente ficar mais alguns dias aqui, não sei o que vai acontecer com esse povo.

– Vai acontecer que iremos encontrar o que viemos buscar… junte as meninas, vamos conversar um pouco com elas.


Fairplane

Manoko Tevis estava seguindo em direção a Cidade de Comodoro que ficava próximo ao Farplane, um local em Pacífica que houvera uma batalha que mudara toda a composição geomorfológica por conta das armas utilizadas. As mudanças foram tamanhas que a gravidade ali era bem diferente se comparado com as demais regiões do planeta.

Farplane era visitável em, pelo menos, três meses ao ano, mas nos outros nove era considerado um local fechado para público, servindo apenas como local de estudos do governo. Os Oficiais queriam saber o que fora usado ali para que eles pudessem repetir o processo, se necessário, pois não havia nenhum conhecimento de arma, seja ela qual fosse, que fizesse o tipo de estrago que fora feito ali, se é que foi algo feito pelos Pacificadores.

‘Uma arma, tudo por uma arma’ – Pensou Manoko.

***

Nas Selvas de Pacífica…

Após mais alguns dias de exploração, Diana finalmente conseguira quebrar o récorde de maior número de doenças tropicais simultâneas em uma única Pacificadora. Eram 25 doenças diferentes. Mesmo os medicamentos mais avançados das Farmácia Tab. A. Jara eram incapazes de evitar os efeitos colaterais. Mas ela não morreria dessas doenças, isso era um fato. Indy não deixaria que morresse, nem as outras Dominatrixes. Além do que, Tylenol era capaz de cuidar de qualquer febre. E nem todo mundo precisa de um baço para continuar vivo.

“Diana, você está horrível.” — disse Indy, desmatando mais um pouco da selva. Era engraçado, mas por algum motivo — talvez o uso de repelentes químicos — os insetos não o picavam.

“Eu me sinto horrível, Indy… tudo dói… e estou com a sensação que algum órgão interno acabou de se liquefazer.”

“Não seja boba, Diana. Não é só uma sensação, foi o seu baço. Você não tem mais um baço.” — respondeu Clarissa.

***

Finalmente, os exploradores chegaram numa grande clareira. Era um antigo centro de treinamento Pacificador. Apesar de estar obviamente abandonado, com cercas corroídas e quebradas, a mata não havia avançado em pelo menos trezentos metros de distância do complexo. Era um local… estranho. Parecia uma pirâmide de aço brilhante. Havia inúmeros esqueletos ao redor da construção — e pelo fato de terem conexões cibernéticas, obviamente eram de Pacificadores.

[OFF: Do Fairplane não tenho o que falar. Pode continuar.]

***

Nas Selvas de Pacífica…

A estrutura não era algo esperado e, ainda assim, Indy sabia que algo do tipo estaria ali no meio de uma selva. Coisa típica de alguém que sai explorando Pacífica e sabe das coisas estranhas que se tem ao redor do planeta.

Existe, claro, todo um rigor técnico para explorar locais e artefatos quando estes são encontrados, pois, por muito, não se sabe o que tem neles, quem os construiu e quando se sabe quem os construiu, não necessariamente é algo bom.

Ao ver que ao redor da pirâmide tinha diversos esqueletos, então a coisa não era melhor do que ele poderia imaginar.

“Indy, eu acredito que o local deva ter um quão sem número de armadilhas.” – Disse Syla. “Pela quantidade de esquelos…”

“Não só pela quantidade de esquelos.” – Respondeu o explorador. “Veja ao redor da pirâmide, o terreno é completamente liso, sem nenhum tipo de planta ou qualquer coisa viva.”

“Bem, talvez o chão ative algum tipo de armadilha e por isso os corpos….”

“Mas você pode ver que eles estão longe da estrutura. Então algo os puxou para uma certa distância.” – Concluiu Indy. “Bem.” – Se agachou e pegou uma pedra. “Meninas, fiquem longe.” – E jogou a pedra em direção a pirâmide. Enquanto o objeto ia em direção a construção, uma das dominatrixes deixou cair duas maçãs que rolaram em direção também a pirâmide.

A pedra bateu na pirâmide e nada aconteceu, só fazendo um enorme barulho de uma pedra batendo num pedaço de metal, mas quando as duas maçãs se aproximaram da construção a um pouco mais de 1 metro, uma espécie de braço mecânico saiu do chão e parou as duas maçãs.

Por um momento ficou analisando os dois objetos e, em seguida, parecia se desligar. Todos ficaram em silêncio e vendo aquela cena.

“Seria isto a armadilha, um velho braço mecânico?” – Perguntou uma das moças. “Então é fich…”

Antes que ela pudesse terminar o que queria falar, o braço se reativou e esmagou uma maçã. A outra ficou lá solitária enquanto que o Braço se aproximou, pegou a mesma e jogou-a na direção do grupo, batendo na cabeça de Indy.

Em seguida uma espécie de luz saiu de uma das pontas do braço vaporizando completamente a primeira maçã.

“Pelo menos sabemos que é por movimento que aquela coisa se aciona.” – Disse Indy e obrigado Monica por ter fome logo agora.


FARPLANE

O local estava apinhado de gente de todas as partes de Pacífica. Os grupos eram divididos e isolados numa base principal e dali saía prowlers para diversos pontos do Farplane, ou, pelo menos, até aonde o local permitia que a tecnologia funcionasse a contento.

Kant Farung era o supervisor de Manoko Tevis e de outras três pessoas que estavam no grupo dela. Eles estavam indo em direção a cachoeira, o foco de toda Farplane. Ali algumas pessoas dizem ter visto, o que alguns professores de metafísica e conhecedores da área dizem ser a alma dos que se foram e não querem se desgarrar do plano de existência físico.

A coloração alaranjada das águas do local era, deveras, extremamente peculiar, principalmente pelo fato que o nascedouro era completamente incolor. Em algum ponto a água mudava de cor, mas não se sabia ao certo aonde. Já fora feito diversas análises com satélites e as imagens sempre eram embaçadas. Explorações foram feitas e num determinado ponto o grupo sumia e reaparecia num outro ponto das trilhas e junto a eles vários escritos numa língua que não era a Pacificadora ou a Língua Padrão, era algo diferente e por mais que tentassem, não havia nenhum tipo de tradução.

Por conta do local estar completamente fechado para visitação civil, havia diversos protestos nas cidades de Pacífica, pois ali também era um ponto de migração religioso por três castas dos Pacificadores que acreditam que os Invocadores voltaram e trariam um novo sentido para os Pacificadores.

Os Invocadores, até onde se sabe, eram os primeiros habitantes de Pacífica e que ao serem descobertos pelo Império, atuaram como médicos em diversos pontos de galáxia de uma forma onde a medicina moderna da época não permitiam a cura ou a melhora dos indivíduos. Também chamados de Curandeiros, Magos, eles possuíam um conhecimento da natureza da vida como ninguém e, dizia-se, eram eles que traziam a paz nos planetas.

Eles sumiram quando a Praga pegou todos aqueles que tiveram contato com os Pacificadores e, desde então, o próprio planeta e sua civilização começou a degradar, de pouco em pouco e o Farplane é o maior sintoma deste problema.

“E se acharmos aquilo que fazia os Invocadores serem o que eram, podemos utilizar isto contra quaisquer pessoas que vão contra o Governo.” – Disse Farung.

***

Nas Selvas de Pacífica…

“Ah que falta faz um Tricorder… é uma porcaria termos perdido tanto de nossas tecnologias nas últimas Guerras Pós-Praga.”

“Uma pena mesmo, Clarissa. E como está se sentindo, Diana?”

“Ainda terrível, mas agradeço por ter adaptado nosso transportador. Agora consigo pelo menos ficar sentada e digitar aqui nesse meu tab… uma pena que ele seja SAMASUNG e fique toda hora gritando “de blutut divaice is ridy to paer”… mas tudo bem, consegui fazer um compilado de nossos beacons de GPS. E por falar em GPS… sabia que ainda temos satélites GPS em órbita?”

“É mesmo?”

“Sim! Boa parte está desativada… e o que sobrou é insuficiente para triangular o que quer que seja… mas poderíamos reativar o grid todo, com um pouco de recursos.”

E de repente uma nuvem gasosa saiu da pirâmide. Indy rapidamente colocou sua máscara anti-gases, e as Dominatrix fizeram o mesmo.

“O que é isso?” — perguntou Indy.

“Um momento. Vou coletar uma amostra. Mas de qualquer maneira… recomendo nos afastarmos pelo menos uns quinhentos metros daqui. No mínimo é um pesticida, pela falta de vida vegetal nessa clareira.” — disse Diana.

***

FAIRPLANE

“Comandante, acabei de ler aqui e parece que o nome do local não é FARplane, é FAIRplane.”

“Que diferença faz?”

“Bom, o Governador mandou dizer que não está à fim de receber um processo dos Hyperions por quebra de copyright, então…”

“Bah, quanta bobagem!”

“Pergunte para os Bankhozianos… não é bobagem!”

***

Nas Selvas de Pacífica

Braços mecânicos, possíveis venenos aereos e agora que a Diana diz que seria possível usar GPS. Cada coisa que acontece de diferente quando se está explorando.

O grupo se afastou um pouco do local, numa distância relativamente mais segura donde estavam. Enquanto isto especulavam.

“Bem, claro que tem algo muito importante nessa pirâmide.” – Indy não pensou duas vezes. – “Agora porque diabos aquela coisa está atacando quem quer se aproxime, não faço a menor ideia.”

Diana soltara uma flatulência ao se mexer no transportador. O negócio fora tão sério que alguns animais que estavam num arbusto próximo começaram a tossir e para um animal tossir da maneira violenta que eles estavam tossindo é porque a coisa não era boa.

Sem contar que ao menor toque da flatulência, o transportador oscilou por alguns segundos. Todos ali pararam e observaram aquilo.

“Que? Deu vontade de peidar… sou mulher, mas também sou uma pacificadora como qualquer uma aqui, tenho necessidades!!!” – Disse ela.

“A sua necessidade pode ser a nossa solução.” – Falou Gabriela com um sorriso irônico. “A primeira vez que um peido pode salvar toda uma missão.”

“Bom, só precisamos de algo ou algumas coisas para guardar esse, er, método de trabalho…” – Respondeu Carina. “E que seja possível abrir para o que eu estou pensando que você quer que a gente faça.”

“E vocês vão fazer o que? Colocar um tubo na minha bunda..” – Reclamou Diana.

“Fazendo você comer as plantas que causam mais gases aqui nessa região.” – Completou Lenara, a botânica do grupo. “E eu já vi ali um pé de jobalon com diversas frutas verdinhas prontas para serem comidas.”

“Ah não, eu odeio jobalon, tem um gosto que mistura chocolate com abbakati, ah não!!!!”

“Olha Diana, eu gosto muito de você.” – Veio falar Indy. “Mas ou é isso desse jeito ou desacordada e peidando para dedéu.. você poderia nos ajudar e contatar o governo para ver se eles conseguem religar os satélites…”

“Mas você é muito cara de pau mesmo né?”

“Sempre….”


PLANEFAR

O prowler estava a caminho da cachoeira. Enquanto isso a equipe de Kant Farung e Manoko Tevis estavam conversando.

“E pensar que podem ter almas presas nestas águas.” – Manoko estava pensativa e olhando para o horizonte do local. “Se é que isto seja mesmo verdade.”

“Pode não ser, mas o nível de ethereum aqui é extremamente alto. Só em campos de batalha que níveis próximos são detectados pelos nossos sensores.” – Respondeu Blazé Pruit. “O ethereum é estudado há pelo menos 100 anos, é uma força energética potente e cada ponto tem uma assinatura quântica diferente, como se houvesse algo individual em cada campo estudado.”

“Mas isto não significa que exista uma ligação entre o ethereum e os pacificadores que morreram.” – Cait Sith bateu de frente. Ela era uma jovem com um pouco mais de 30 anos. “Só que minha vó sempre falava que a essência pacificadora pesada exatas 21 gramas. Era algo que ela ouvira falar da mãe dela e ela da mãe dela. Como se o nosso espírito tivesse um peso, se é que alguém aqui acredita em espírito.”

“Eu acredito que os Invocadores sabem a resposta…” – Suspirou Manoko.

“20 minutos para chegarmos na cachoeira.” – Um dos pilotos do prowler avisou.


ANTIGA CIDADE SALIKA

A cidade de Salika era uma das inúmeras cidades abandonadas da Região de Arcadia. Pacífica era composto por cinco grandes continentes.

Dalmasca, Bancour, Arcadia, Nabradia e Yensa. Destes continentes, Arcadia tinha várias regiões completamente abandonadas por conta de Batalhas, Guerras e Revoltas que tomaram Pacífica pós evento da Praga.

Era em Arcadia que boa parte das pesquisas científicas eram feitas e com o abandono e destruição do local, muitas bases de dados foram perdidas.

Mesmo com o sistema una ainda ativo, era impossível acessar os dados dessa região até que algo pudesse ser feito. E foi assim que a 13ª Perigrinação estava sendo montada para ir a região.

As peregrinações anteriores foram ao local para estabelecer uma base na cidade de Salika. Restaurar energia, criar uma rota direta para o local e estabelecer um perimetro de segurança, além de explorar a cidade.

Mesmo que tecnicamente não habitada por nenhum pacificador, claro que haviam piratas, bandidos e vagabundos morando por lá e coisas que nem a ciência poderia explicar, por isso que todo cuidado era pouco para ir até Salika.

O silêncio da cidade era algo ensudercedor e ver casas e prédios que antes eram cheios de vida quase que basicamente deserta e com vultos que volta e meia apareciam dava calafrios em alguns Pacificadores.

Mas eles tinham uma missão. Adentrarem no espaçoporto de Salika.

***

Nas Selvas de Pacífica…

Jobalon era aquele tipo de fruta que ou você amava, ou odiava. Não havia meio termo. E Diana odiava.

“Carvalho, essa MERDA tem gosto de pano de chão usado.”

“Não sei do que reclama. Tem gosto é de Abakatti com Chocolate.”

“Ou seja, a PIOR mistura da face de Terrária.”

Indy deu de ombros. Afinal, ela comera e o pior estava por vir.

***

“SANTA FLATULÊNCIA! Conseguimos coletar nada menos que cem litros de gases da Diana.”

“Ainda bem que a máscara filtradora está funcionando bem… agora, Indy, o que você pretende fazer?”

***

Runescape, er, RPLANEFA

A nave entrou na cachoeira. O barulho sobre a fuselagem era ensurdecedor. Eram milhões de litros de água por segundo que caiam num buraco que dava…

“Onde será que ele vai dar?”

“Não sei. Vamos descer mais.”

E desciam… e desciam… e desciam…

***

Em Salika…

O grupo de Pacificadores entrava no antigo e abandonado Espaçoporto de Salika. Era interessante ver aquela cidade, que antes tinha milhões de Pacificadores (e um grande número de Bankhozianos e Dracons também. Dizem as lendas que tinha até mesmo Alpha-Marianos, uma raça felina que havia sumido há muito tempo!) tão silenciosa e cirscunscrita.

“Equipe Alfa, sigam para o Centro de Comando. Equipe Bravo, para as Estações de Energia.”

“Roger, roger, Capitão.”

O local estava decaíndo a olhos nús. Havia muita corrosão, e plantas cresciam onde não deveriam. Apesar disso, estava razoavelmente conservado. Tecnologia Pacificadora, sem dúvida. Caminhando pelo grande centro de pouso, o Capitão Roger olhava para a selva de fios e manifolds. O local fora um centro pujante de negócios, pelo menos um dia…

“Capitão, os geradores estão canibalizados. Não há possibilidade de ligá-los.” — era o Tenente Dulak, falando no pequeno video-receptor de pulso do Capitão. Sua imagem estava com bastante interferência, mas o sinal era bem forte.

“Certo. Vamos então pedir um Satélite de Energia para enviar potência para as antenas de recepção.”

“Sim, Capitão. Já vamos movê-las para a orientação correta. Cadetes, peguem as baterias auxiliares.” — e o receptor desligou-se.

Capitão Roger se abaixou e notou algo brilhante no chão. Era uma pequena corrente de ouro. Estava imaculada. Observando com cuidado, viu que a corrente tinha um símbolo. Ele não o reconhecera, mas no fundo de sua mente, ele imaginava alguém usando-a.

[OFF: Não elabore essa parte, depois vou escrever mais sobre a corrente. Ela tem um significado importante. O resto pode elaborar.]

***

Nas Selvas de Pacífica…

“O que eu pretendo fazer?” – Pegou um recipiente onde estava os gases de Diana que parecia estar um pouco melhor do que algumas horas atrás, bem, talvez o que ela tinha em excesso era um dos seus órgãos que ao liquefazer virou algum tipo de gás diferenciado.

Ele andou de volta a clareira onde estava a pirâmide. “O que eu pretendo fazer?” – E desenroscou o recipiente até que a tampa ficasse quase solta, um pouco do gás começara a sair. “É isto que eu vou fazer.” – E jogou na direção da pirâmide.

Ao fazer isto, quando o recipiente tocara o chão, o mesmo se abrira por completo, soltando o cheiro putrefe que estava dentro do recipiente. A um primeiro momento nada parecia estar acontecendo até que as garras apareceram.

Quando as mesmas foram na direção do objeto que estava “peidando” ao entrar em contato com o gás, as garras começaram a entrar em piripaque. Num segundo momento, quando a pirâmide começou a soltar o seu próprio gás, as duas fumaças se degladiaram, de um lado, a força bioquímica de Diana, do outro, a pirâmide com o seu gás químico.

E ali se teve início a uma grande batalha de gases não tão nobres.

“Eu aposto que iremos ganhar essa partida.” – Disse por fim Indy. “E enquanto isso, o que o Governo falou sobre reativar os outros satélites?”


DOOMLAYER

O prowler continuava a descer até que chegaram num momento onde as águas alaranjadas descansavam num rio caudaloso e na cachoeira adentro tinha uma plataforma que havia sido instalada há alguns anos ali.

“Bom, chegamos.” – Disse o piloto. “Daqui vocês saem e vão se encontrar com Cody Vroz, ele é o vígia desta estaçaõ. Tenho de voltar para reabastecer e quando vocês precisarem só mandar uma holomensagem.” – Terminou jogando as tralhas dos cientistas alguns metros da plataforma.

Os cientistas resmugaram com a atitude do piloto. Além do equipamento delicado que estavam carregando, também tinham as suas roupas e num dos recipientes tinha um peixinho dourado de Cait Sith, que levava para todos os lugares que iam.

Pegando suas coisas – e sem ninguém mais para ajudar -, Manoko, Kant, Blazé e Cait adentraram no local. Num primeiro momento tudo estava sendo iluminado pelas luzes de emergência.

“É impressão minha ou está muito escuro?” – Meio que perguntou, meio que reclamou Caith Sith. “Porque se for assim em todo lugar, teria trazido o meu equipamento de iluminação LED.”

“Cientistas… sempre reclamando das suas condições de trabalho.” – Falou levemente Vroz que se aproximou na surdina por detrás do grupo. “Toda vez é assim e toda vez eu tenho de vir na espreita para dar um susto em vocês.” – Bateu as palmas e as luzes brilharam como se fosse o dia. “Estava usando as luzes de emergência porque assim prefiro – e também porque ninguém vem me encher a paciência do porque um lugar como este está gastando tanta energia.” – Disse por fim.

“Desculpe a grosseria de Sith, eu sou…”

“Manoko Tevis, uma especialista não especialista do passado do nosso planeta que está atrás de conhecimentos malignos, ou não, para suplantar toda uma população. Juntamente com o adido militar Kant Farung, a deidade Cait Sith e o questionador Blazé Pruit.” – Vroz levantou um PADD. “Sim, eu li antecipadamente a ficha de vocês, como eu sempre faço. Fica mais fácil de saber as cagadas que as pessoas que vem para cá tendem a fazer.”

“E que cagadas são estas?” – Perguntou Kant. “Nós somos treinados para…”

“Para as coisas comuns. Vocês bem sabem que o Farplane não é a coisa comum, do cotidiano, daquilo que estamos acostumados a ver e fazer. Sabem muito bem dos relatos que os grupos já fizeram em outros locais do Farplane. O comum não existe aqui.” – Disse por fim. “Estas cavernas, por exemplo, tem a maior concentração de Ethereum que qualquer outro lugar do Farplane. Isto se torna mais fácil de se conectar com o outro lado…”

“Errrr, o outro lado?” – Perguntou um Blazé receoso. “Como assim, o outro lado?”

“Diziam antigamente que os Invocadores além de acalmar aqueles que não se foram, tornava mais fácil a transição para aqueles que se iam. Mas sem eles, os que estão faz com que o outro lado se torne real, ou tangível o bastante… e você, depois de um tempo, acaba por ouvir sussurros de momentos de outrem. Mas isso só acontece com aqueles com maior afinidade ao Ethereum. Vamos lá, vou mostrar os quartos onde vão ficar.”


Salika

A cidade estava caindo aos pedaços. Mas ainda assim não estava, por completo, passível de ser abandonada. Simas estava próximo do capitão que estava com uma corrente de ouro nas mãos.

“Um objeto intacto entre tantos outros destruídos.” – Observou o Tenente Simas que observou Roger por alguns segundos e continuou. “Os satélites irão se reorientar para o nosso local em 2 horas, Capitão.”

“Muito bom.” – Disse o capitão guardando a corrente no bolso do lado direito de sua camisa, tocando-o suavemente. “Acredito que poderemos explorar melhor o lugar quando tivermos energia. Mesmo com as baterias não podemos baixar a guarda. Quero que aloque um contigente para cada saída do espaçoporto. Com rotação de turnos de 6 em 6 horas. E vamos fechar os portões G e H por serem longes demais para a quantidade de homens que temos.”

“Sim senhor.” – Respondeu Simas. “Será que conseguiremos fazer alguma dessas naves funcionar?”

“Não acredito nisso, mas se conseguirmos acessar o computador central, talvez consigamos os projetos delas, que já é um primeiro passo.”

***

Nas Selvas de Pacífica…

O gás nauseante lutava contra o gás desfoliante. E parecia estar ganhando.

“Estou lendo apenas metano e atmosfera normal agora. Parece que deu certo.”

“E os braços?”

“Que tem eles?”

“QUE TEM ELES… estão desativados?”

“Não estou lendo nada.”

“Bem, temos que tentar entrar então…”

***

No Doomlayer, FARPLANE, Planescape, er… qualquer que seja o nome…

“Interessante mesmo… muito interessante… parece haver emanações energéticas de fato.”

“E o que podemos fazer com isso?”

“Por enquanto nada.”

[OFF: Pode explorar mais.]

***

Em Salika…

“Capitão, ajustamos as antenas manualmente. É bem verdade que não temos capacidade plena, mas recuperamos parte da funcionalidade da Instalação. Reativamos 10% da base, e estamos com todas as portas e portões operacionais. Luz em 50%. Computadores… o computador central está operacional, mas está num estranho modo de lockdown. Precisa ser reparado.”

“Ótimo, bom trabalho. Vamos continuar as explorações.”

***

Dentro da estrutura

Indy Pacificum e suas comparsas estavam adentrando na estrutura que parecia abandonada por, pelo menos, uns 1000 anos ou até mais.

“De acordo com a datação carbónica, a estrutura em si tem várias camadas de idade, como se algo, ou alguém, construiu a mesma na base de algo bem mais antigo do que realmente é.” – Disse uma das moças que o estava acompanhando-o.

“Mais antigo ainda?” – Questionou Indy.

“A parte mais externa das paredes, isto é, a camada mais profunda, está datando de cerca de 2000 a 3000 de acordo com os sensores. A substância metálica usada é desconhecida para eles. O que é muito estranho. Não é possível que no passado os seres deste planeta tivessem mais conhecimentos metalúrgicos do que temos hoje em dia.”

“Não se esqueça…” – Falou Damisa, tomando um gole d’água da cantina que carregava a tiracolo. “O próprio antigo Império encontrara raças que tinham um conhecimento sobre diversas ciências que sequer os mais sábios e estudiosos dele sabiam da existência. O nosso planeta não era exatamente nosso. Os próprios invocadores originais não eram pacificadores e o conhecimento dos mesmos sobre espíritos e outras dimensões deixara muitos atônitos.”

“E é por isso que estamos aqui.” – Falou Indy. “Este lugar pode contar uma miríade de conhecimento que ninguém mais no planeta possa ter, quem sabe, até mesmo ideias e conceitos que nos permitam nos voltar as estrelas.”

“Para sermos tratados como a Praga do universo.” – Praguejou Diana ainda um pouco desconfortável por toda a flatulência que havia soltado nas últimas horas. “Éramos a raça ápice do império e viramos os leprosos anos depois, os Sementes Ruins, as Maçãs Podres da galáxia conhecida e ficamos aqui relegados a um planeta esquecido.”

“Isso eu sei bem Diana.” – Falou Indy enquanto eles caminhavam pelos corredores. “Mas nessa nova ascensão que poderemos ter, firmaremos o nosso lugar entre as estrelas.” – Afirmou com convicção.

O grupo composto por Indy e 12 jovens e atraentes mulheres – outras 8 ficaram na superfície funcionando como grupo de apoio e tentando contato contínuo com o Governo Planetário para conseguir ligar os satélites para uma maior orientação geográfica e comunicação em tempo real – estava há, pelo menos, umas duas horas dentro da estrutura.

Apesar do sistema de defesa inicial, quando adentrado, a estrutura não tinha muito empecilho para os visitantes, mas, também, não havia nenhum tipo de energia ali dentro, aparentemente. O que dificultava, um pouco, a exploração do local.

“Temos de achar algum ponto-base para tentar acessar os sistemas desta estrutura, se possível.” – Silana, a expert em sistemas computacionais havia falado. “Não acredito que os sistemas tenham mudado muito e se tiverem trouxe um pequeno laptop para achar a Pedra de Roseta do local para tradução no que for possível.” – Continuou ela.

Eles continuaram a sua exploração na estrutura. O cheiro do local era algo ocre, mas, até agora, não haviam visto um pedaço de terra sequer. Será que a pressão do terreno ao redor da estrutura estava fazendo dar vazão ao cheiro que estavam sentindo? Algo estranho era o fato que o local tinha um ar relativamente limpo, com poucas bactérias no ar, como se, pelo menos, o sistema de ventilação estivesse funcionando bem depois daquele tempo inteiro.

O que era algo bem estranho, principalmente do estado de decaimento gradual que as paredes apresentavam quanto mais fundo iam na estrutura tanto pelo corredor quanto as decidas por rampa.

Foi então, depois de cinco horas adentro e se comunicando com o pessoal de fora, o grupo resolveu parar numa sala relativamente segura, com uma saída por trás e uma pela frente. Montaram um acampamento ali e começaram a cozinhar algo para comer com os suprimentos militares que eles trouxeram para a expedição.

Duas do grupo foram designadas para ficarem do lado de fora para uma vigília constante e havia rotação de 2 em 2 horas para ninguém ficar cansado em excesso.

“Aqui é um bom local.” – Disse Tamisa. “E..” – Levantou-se, aproximou de uma parede e percebera algo piscando ali. “Diana, acho que encontramos um terminal.”


Salika

Os reparos estavam chamando a atenção devida de toda a equipe que havia sido enviada para Salika. Era algo extremamente lento e moroso, principalmente pelo estado delapidado que se encontrava muitas coisas por ali.

Os portões estavam sendo vigiados de forma constante e integral para que nenhuma surpresa acontecesse por ali, principalmente por conta dos Piratas e Saqueadores que ainda estavam na cidade de Salika.

Simas veio com um novo relatório. “Senhor, acredito que em dois dias poderemos adentrar em alguma nave que está no espaço porto.” – E continuou com o relatório. “O problema mesmo é que o acesso se dá pelo Computador Central e os nossos especialistas estão tendo um trabalho considerável para conseguir acessar ele.” – Terminou.

O capitão olhou de soslaio e respirou profundamente. Ele esperava que algo do tipo viesse a acontecer. “Precisamos de um contato direto com a Capital, talvez um dos HuBs ligados aos Sistema de Segurança possa quebrar quaisquer barreiras que estejam se impondo contra a gente.”

“Talvez isto seja possível senhor, mas vai depender muito da posição geoestacionária do satélite. Não devemos esquecer que os satélites não se posicionam diretamente a cidades como Salika por conta do HectaVírus usado há décadas com a Guerra da Dissidência.”

“Sei muito bem sobre a questão. Mas não é possível que o Hecta ainda esteja ativo.”

“É bem provável que esteja, “ – Falou Simas. “Vou requisitar a ligação de, pelo menos, cinco firewalls direto na nuvem e desligar o HuB a ser utilizado da Sistema Una por questões de segurança.”

“Faça isso, não temos mais tempo a perder.” – Falou o capitão.


RRETA

Após guardarem as suas coisas. O grupo composto por Kant Farung, Manoko Tevis, Cait Sith e Blazé Pruit estavam agora numa estação que estava desligada desde o último grupo que esteve ali, há três semanas.

Cody estava próximo e falou: “Quase todos os equipamentos são desligados porque a energia do lugar e o que nós trazemos não se casam muito bem, depois de vários deles serem destruídos ao longo da noite, e que não agradou em nada a Secretária de Ciências de Pacífica, foi criado uma Normativa que os equipamentos fossem desligados assim que uma pessoa não estivesse próxima ao mesmo.”

“E as máquinas e sensores só eram destruídos a noite?” – Perguntou Sith.

“Bom, não necessariamente e noite, mas sim, quando sem a presença de pacificadores por perto.”

“E porque as luzes ainda funcionam, teoricamente elas também deveriam ser destruídas.” – Concluiu Sith.

“Elas usam a energia de Rreta, a mesma coisa que está ao nosso redor. Quem inventou as lâmpadas, chama a energia de Argent. O local é uma gigantesca potência para um recurso renovável de energia, só que ela em forma bruta não é compatível com a nossa energia. Então criaram filtros para essa energia bruta e, assim, temos uma produção energética que poderia suprir a Capital por, pelo menos, 100 anos. Talvez as propriedades energéticas do Argent faça com que as lâmpadas não sejam quebradas.”

“Quais são os setores que ainda não foram escaneados Cody?” – Perguntou Manoko.

“Ala oeste, setor 334, 335 e 400. É do mesmo lugar onde os seus sensores captaram algumas emanações enérgicas. Me lembro bem, nunca tinha visto algo tão grande do tipo.”

“Bom, Farung, Eu e Pruit iremos ao setor 334 para continuar o escaneamento do lugar. Você e Sith podem ficar aqui analisando os dados que enviaremos a vocês. Cody, você tem o Mapa Integrativo dos setores?”

“Sim, está no meu escritório, mas eles estão desatualizados em dois anos.”

“Em dois anos somente? E não é possível que algo antigo vá mudar em dois anos.” – “Falou Pruit.”

“Neste lugar, tudo é possível.” – Disse Cody enquanto ia até seu escritório junto com Manoko e Blazé.

***

Nas Selvas de Pacífica…

Indy e sua equipe conseguiram! Estavam dentro da pirâmide! Os braços não haviam mais atacado! O gás havia sido neutralizado! Mas… havia muito a ser explorado.

“Este local era certamente um centro de treinamento de Pacificadores. Olhem os racks… os plugues…”

“O local em si tem mais de dois mil anos, mas os equipamentos tem no máximo duzentos.”

“Basicamente a mesma época d’A Praga…”

“Exato.”

Os exploradores continuavam sua expedição. Os peitos, er, peidos de Diana haviam diminuido consideravelmente, e já não mais incomodavam ninguém.

O grupo parou para um almoço rápido, e então continuaram até uma sala que parecia um centro computacional.

Por horas investigaram o local, com bastante cuidado. Era óbvio que haveriam outras armadilhas e…

“ACHEI!” — gritou Diana, e então puxou uma espécie de acionador de emergência. E então todo o complexo se iluminou.

“É o sistema de iluminação de emergência.” — Diana estava com um estranho sorrisinho em seus lábios.

Indy sentia uma emoção que não poderia ser descrita num fórum como esse. Falou meia dúzia de palavrões, e então fez um sinal de “joia” para Diana.

“Bom achado. Mas os computadores ainda estão desligados.”

E não era só isso. Da superfície vinha uma comunicação truncada e cheia de estática.

“EMER… ZzzzdDssshhSD… OS MORTOS ESTÃO VIN… ZZzzzddsassssggghh…” — e então somente silêncio.

***

Em Salika…

Dias se passaram, e o espaçoporto estava religado. Claro, não era um espaçoporto tão bom quanto o da Capital — era um terminal secundário, que recebia tráfego interno do sistema, e naves interestelares pequenas. Nada como grandes transportadores.

“Os arquivos estão todos corrompidos. Perdemos todo o sistema operacional. No entanto, os computadores voltaram a funcionar. Estão apenas com os diretórios básicos.”

“Podemos trazer o S.O. do Espaçoporto da Capital, certamente?”

“Sim, mas vai rodar feito uma carroça. E temos que refazer todos os drivers dos sistemas. Essas portas não são enderessáveis, e os geradores são controlados remotamente.”

“Remotamente? Por que geradores locais seriam controlados remotamente?”

“Isso eu não sei dizer. Mas veja, isso aqui funcionou perfeitamente.” — Davir ligara uma tela. Era um sistema de CFTV, que estava ativo. A resolução deixava a desejar… mas pelo menos mostrava todos os principais pontos do Espaçoporto.

***

Em RRETA… ou seria melhor dizer TRETA?

“Há uma espécie de… presença… neste local.” — Sir Jim estava preocupado, e enrolava seu fino bigodinho vigorosamente.

“Presença?”

“Sim. Veja.” — o pequeno (e antigo) PAD estava com estática pesada. Mas… do meio da estática, aparecia uma espécie de rosto humanoide.

“Que sinistro…”

“Sim. E o mais sinistro é que isso só acontece quando eu tento usar a energia local. Com nossa energia padrão, nada acontece. Bem, acontece — o PAD funciona normalmente. Mas a energia é drenada rapidamente, e por isso que tentei trocar para a energia local.”

***

Nas Selvas de Pacífica…

“Caralho.” – Falou uma vez Indy. “Caralho, caralho, caralho.” – Voltou a falar mais algumas outras vezes. Ele levantou o comunicador, apertou o botão para mandar a mensagem para superfície. “O que diabos que esteja acontecendo aí, venham para cá imediatamente.” – Ao tentar ouvir qualquer coisa que viesse da superfície, o que retornara fora apenas, e tão somente, estática.

Ele respirou profundamente. Uma, duas, três vezes e olhou para as suas companheiras de trabalho. Elas estavam se resignando que haviam perdido as suas colegas e amigas da superfície.

“Quantos anos você disse que estes equipamentos tinham de idade?”

“Algo em torno de 200 anos.” – Falou uma das dominatrixes que estavam ali. Sem maiores delongas Indy retirara todo o equipamento arqueológico que estava carregando e foi em direção a um dos racks que estavam ali instalados. “Diana. Não quero acionar todo esse local. Será que com as baterias que temos podemos acionar os acessos desta sala e das salas próximas?”

“Acredito que sim, mas não teremos muito tempo, acho que um pouco mais de 2 horas, não mais que isso…”

“Será mais do que o suficiente.” – Falou Indy. “Perdemos contato com a superfície e não temos muito tempo. Vocês ouviram o que o pessoal que estava lá falou.”

“Eu só ouvi estática e nada mais” – Disse uma delas. “Se os meus ouvidos não derreteram pelos peidos da Diana, eu ouvi mortos estão alguma coisa.” – Falou uma outra.

“Toda essa região…” – Começou a explicar Indy enquanto Diana inseria nos plugues das paredes as extensões das baterias que estavam com ele. “Foi um grande campo de batalha. Muitos Pacificadores morreram no Cercado de Motavia. Na época fora impossível transportar a quantidade quase que imensurável de corpos do lugar, então eles ficaram ao leu e é por isso que essa floresta cresceu tão verdejante. Os corpos serviram de um bom adubo para as plantas locais.” – Continuou ele.

“E essa estrutura?”

“Provavelmente era o que eles estavam procurando. Algo criado pelo império, tomado pelo governo da época, mas por conta dos Tvaish e a Praga, nós não tivemos tanta sorte como poderíamos ter. Os Pacificadores da época estavam fracos demais e muitos deles estavam infectados. Não deu outra. Conseguimos exterminar os Tvaish, mas não por nossa força própria.” – Concluiu. “Eles trabalhavam para o Império e este queria nos isolar, como assim o fizeram, para tentar conter a Praga, se foi em vão ou não, nos não sabemos, já que ficamos isolados do resto da galáxia.”

Os computadores da sala se iniciaram e ali estava claro. Inicialmente o Sistema Operacional que ali existia era imperial, mas em seguida, tudo era traduzido para a língua pacificadora. Indy puxou um dos plugues e colocou-o diretamente na sua nuca. Ele ficou por um momento em um estado de transe e o que pudera ouvir em seguida fora como se armários ali próximos fossem destravados. Ele abriu os olhos.

‘Eu sei que boa parte de vocês são cientistas e que mal pegaram em armas desde o treinamento básico.’ – A sua voz ecoava por todo o salão, mas elas não o ouviam e sim era algo que estava indo direto para mentes delas. ‘Criei uma mini rede interna e vocês terão acesso ao treinamento das nossas seguranças.’ – Continuou ele. ‘Vistam os equipamentos. De acordo com o inventário temos pistolas, escopetas, submetralhadoras, metralhadoras e rail-guns a nossa disposição.’

Ele retirou o plugue com uma cara mais séria. Fora em direção a um armário e começara a vestir um colete, braçadeiras e botas mais resistentes, deixando livres os seus implantes para uso quando necessário. As outras ao verem o que Indy estava fazendo, seguirem os mesmos passos.

“Vamos criar três formações, uma a frente com escopetas e submetralhadoras, pistolas e metralhadoras no meio e ao fim, junto com a Diana, as rail-guns, não as vamos usar até que estejamos num local mais aberto. O raio de energia dessas belezinhas pode fritar qualquer coisa que esteja ao lado ou a frente delas, então não é algo bom de se usar em locais fechados.” – Disse ele.

“Eu posso ajudar mais e…” – Protestou Diana.

“A sua ajuda é em tentar acessar os sistemas deste lugar. Vamos descer cada vez mais nesta estrutura até achar o núcleo. E nessa descida vamos ter de obstruir o máximo possível de locais por onde estes mortos podem vir.” – E de um armário retirou vários tipos de granadas. De concussão, inflamáveis, de alto impacto, de vibração e, aparentemente uma que ele nunca tinha visto antes, de repulsão. “Você será o nosso carrinho de mão para pentes e armamentos, por isso que é vital que fique no meio do comboio.” – Disse por fim Indy.

Agora eles estavam armados até os dentes e seguiriam em direção ao núcleo do lugar, se aquela estrutura realmente tiver um núcleo. Retiraram as baterias dos seus plugues e levaram consigo, talvez precisassem para um outro momento, se fossem necessários.


Em Salika…

O Capitão observava o sistema de CFTV, mesmo com a sua resolução bem porca, se comparado com o que tinham nos dias de hoje, ela estava sendo útil para o que estavam fazendo ali. As equipes estavam sendo enviadas para os locais mais remotos do espaçoporto enquanto a sincronia de comunicações estava sendo feita com os satélites que começavam a se alinhar em Salika.

Tudo estava sendo feito a passos de tartaruga, mas progressivamente estavam fazendo o que era preciso ser feito no lugar. Apesar da cidade ao redor do espaço-porto está em completas ruínas, o local em si estava mais bem preservado.

Mas este não era problema somente daquele lugar, na verdade cerca de 60% de Pacífica estava assim. O planeta que fora tomado pelos Pacificadores há quase 1000 anos, era habitado por uma multitude de raças, funcionando como um Hub de comércio, socialização e administração do setor.

Só que por esse mesmo motivo era um local onde muitas rebeliões se iniciavam, principalmente contra o Império. Os Pacificadores pouco sabiam que também aquele lugar era o local pretendido pelo Império para ser o isolamento deles, pois a Praga começara a assolar vários planetas da Galáxia.

Era uma traição que os Pacificadores jamais haviam esquecido e a tomada daquele planeta seria a única solução a curto prazo para a sobrevivência da espécie como um todo. Lutar contra os Tvaish, uma outra raça contratada pelo Império para guarnições civis e militares, demandou muito dos Pacificadores, principalmente pelo fato deles estarem com números menores por conta da praga.

Salika foi uma das cidades de Pacifica que se tornara um dos redutos finais dos Tvaish e que com a sua tomada, a Guerra das Mil Lágrimas teve início, causando discórdia e destruição por boa parte de Pacífica, mas no final os Pacificadores se mostraram superiores, em contrapartida os Invocadores, uma parte integral da sociedade dos Pacificadores, saíram do planeta para um êxodo a procura dos Scions, as antigas entidades que cuidavam do planeta e que se foram vagar pelo espaço profundo.

Eram 24 seres que controlavam os diversos elementos que formaram aquele sistema e que guiavam as almas daqueles que estavam perdidos no Farplane.

Estando ali, naquele lugar de outrora, era como voltar no tempo. Um momento em Pacifica onde os Pacificadores estavam em seu auge e, ainda assim, a Queda estava para ocorrer ali. Se aquilo fora engendrado por pessoas no alto escalão imperial ou por alguma outra raça, os Pacificadores até aquele presente momento não haviam descoberto que planejara a sua queda.

Se eles conseguissem adentrar nos sistemas do espaço-porto, um dos muitos disponíveis pelo planeta, seria possível ter acesso aos desenhos originais das naves de 200 anos atrás e, assim, começar a recriar a frota pacificadora. No entanto ele sabia que ainda tinha um longo caminho pela frente, principalmente pelo fato que muito da indústria local estava restrita a criação de matéria-prima e máquinas locais, nada que os pudesse levar ao espaço.

Existiam ali inúmeras possibilidades para se seguir em frente e um dos trabalhos que estavam sendo feitos era justamente saber por que os geradores locais eram acessados remotamente, algo de errado não poderia estar certo ali.

Enquanto os técnicos analisavam as linhas de comando geral do Sistema Operacional enquanto criavam um backup do mesmo para sobrepor o novo Sistema Operacional havia uma pergunta que ficava na cabeça do Capitão.

“Por que aquele lugar ficou tão resguardado enquanto o resto da cidade de Salika sucumbia perante as Lágrimas.” – Perguntou para si em voz alta. Ao terminar a frase, ele percebera que nuvens negras e espessas começavam a encobrir o céu e relâmpagos esverdeados podiam ser visto ao horizonte.

“Uma tempestade psiônica a essa latitude?”


FarPlane

Aquilo era bem estranho. Muito estranho de fato. Eles sabiam que a energia etérea era extremamente forte no lugar, mas nunca que nenhum deles haviam visto uma manifestação como aquela.

Manoko sacou o seu PAD e o ligou. Nada havia acontecido, mas sim, a energia normal estava sendo drenada mais do que o normal.

“Você está fazendo a mesma coisa que eu fiz várias vezes e achei extremamente estranho.” – Falou Jim Cody. “E, aposto, que os seus amigos estão fazendo a mesma coisa neste exato momento.”

Foi então que os outros que estavam no outro lado do estabelecimento apareceram mais brancos que um lince metron.

“O que foi que houve?” – Perguntou Manoko.

“Eu… bem… eu… er…” – Sith não conseguia responder. “Eu…”

“Sim, você…”

“Vi alguma coisa e parecia uma procissão, mas de não sei o que… pessoas, mas essas pessoas flutuavam!! Estavam flutuando nas águas internas do FarPlane e… e… brilhavam com uma aura amarelada, alaranjada, como as cachoeiras desse lugar e depois sumiam, e depois reapareciam e algumas delas não se pareciam com quer que deveriam parecer, sei lá, era alguns pacificadores, mas havia outras coisas ali, seres andando como quadrupedes, outros com asas, tipo anjos, outros com duas cabeças, quatro braços, não sei, tudo estranho…” – Sith estava sem fôlego.

“São os Perdidos.” – Disse Cody Jim. “Aqueles que vão ser devorados pelo Sin por não seguirem pela passagem dada pelos Invocadores.” – Continuou ele. “Cada vez mais eles enchem as águas do FarPlane e se nada for feito algo pode acontecer, como vocês podem ver.” – As luzes piscavam e tremeluziam, as telas mostravam o mesmo rosto que aparecera no PAD de Jim e algumas coisas flutuavam.

“As coisas vem piorando com o tempo. Desde que chegamos a esse lugar, há uns 50 anos, os registros só mostram um grande acúmulo de energia etérea. Mesmo que consigamos converter uma parcela dessa energia para a Argent, ainda sobra muito para perturbar todo o lugar. Acredito que algum tipo de convergência esteja chegando.” – Falou por fim.

Farung ficou sem ter o que falar. Aquilo estava bem fora do seu escopo, mas para Manoko parecia ser algo comum para ela.

“Uma atividade Ectoplasmática de Alta Intensidade. Os Mortos Estão Chegando.” – Disse ela. “Pruit, Sith, peguem os Feixes de Proton e as armadilhas. Temos uma perturbação espiritual para capturar.”

“Espera, espera um pouco… você está me dizendo que tem um fantasma aqui?” – Perguntou Farung. “É isso mesmo que eu penso que é?”

“Mais do que é isso… provavelmente é um acúmulo de Ectoplasma e energia eterial de eventos passados que estão alcançando picos nunca vistos antes. O acúmulo primeiramente vai ser pontual, em local de muita morte e perdas, mas pode se tornar global se a gente não impedir a explosão eterial.”

“Mas que?” – Perguntou Farung.

“Isso mesmo…” – E estavam Sith e Pruit equipados com os feixes de proton e dando o equipamento para Tevis. “Vamos caçar fantasmas.”

***

Nas Selvas de Pacífica…

Indy e as Dominatrix desceram, e desceram, e desceram ainda mais. E finalmente chegaram no centro de computadores, conhecido como “Núcleo”. Era… inacreditável. Centenas de computadores, cabos coloridos e plugs pululavam uma enorme sala circular. E no centro de tudo, havia não uma máquina, mas uma espécie de criatura mumificada. Havia uma fina camada de um pó marrom brilhante em seus pés, e a criatura estava completamente contida num grande domo de vidro, de pelo menos três metros de diâmetro.

“Parece quase como aqueles globos de vidro que os turistas tanto gostam…” — disse  Clarissa.

E então o pó começou a circular. E Indy sentiu uma espécie de choque elétrico subir por sua coluna. Ele sabia o que era aquele pó.

“Especiaria…”

***

Em Salika…

Os sistemas haviam sido restaurados. A energia, no entanto, estava apenas parcial devido aos geradores serem conectados externamente.

“Capitão! Encontramos partes sobressalentes para reparo de naves. Incluindo um motor de impulso e amortecedores inerciais novinhos!”

“Bem, novinhos… não novinhos. Tem duzentos anos. Mas nunca foram usados.”

“Ótimo. Vamos mandar para análise.”

[OFF: Ganhou 10 pontos de Pesquisa. E pode continuar sua história.]

***

Em Far Far Away… er, Farplane…

Sith e Pruit estavam equipados com emissores de raios catódicos. Era um equipamento eletrizante. Não causava qualquer dano físico, mas causava um belo de um choque psicológico. E, claro, parecia interagir com algumas formas especificas de energia.

“Sabe, o problema mesmo dessas armas é que elas não fazem muito além disso:” — e Sith acionou seu raio, iluminando uma parte da parede do local onde estavam. Havia uma imagem que continuara brilhando por alguns segundos depois que o raio fora desativado.

“É um rosto…”

“Claro que é. A Energia Etérea parece ter uma ligação direta com experiências anteriores de seres vivos inteligentes. É como se fosse mais do que uma impressão…”

“É quase como uma essência de pós-vida. Mas será que eles estão aqui mesmo?”

“Viemos caçá-los, não é?”

[OFF: Pode continuar tb. Os raios de prótons serão raios catódicos, Talkey? xD]

***

Nas Selvas

Especiaria. Um elemento que fora banido pelos Pacificadores em seu uso diário. Na verdade, isto era fato nas áreas civis pelos efeitos duradouros que ela poderia levar para algumas pessoas sensíveis a ela.

Era imprescindível que aquilo fosse usado apenas por pessoas que tivessem sido treinadas para “tomar” a especiaria. O uso dela pelos militares era de uma aplicação ímpar. Os Pacificadores a usavam para predizer onde estavam as pessoas ou grupos e, até mesmo, indivíduos que estavam sendo caçados, preconizando eventos que ainda estavam por vir.

Aquilo lhes permitia agir de uma forma ímpar nos quatro cantos da galáxia e muitos dos inimigos do Império temiam os Pacificadores justamente por aquela raça parecer estar em todos os lugares antes dos eventos pudessem acontecer, sejam aqueles planejados de longa data ou coordenados naquele momento.

Mas a especiaria também tinha vários problemas, porém o mais sério de todos era o vício inerente que ela poderia trazer, juntamente com rearranjos genéticos que os usuários tinham quando usassem por muito tempo, mais do que o necessário.

Sem contar que a especiaria não era um produto natural de vários planetas, mas sim, uma forma de extraída de uma substância encontrada apenas em Arrakis e, aquilo, não deixava de ser uma forma de controle para com os Pacificadores por parte do império. Até que o vício inerente fosse extirpado do DNA pacificador, aquela substância era um verdadeiro problema para o Governo Abandonado.

“Já não basta mortos estarem vindo em nossa direção, ainda temos essa especiaria.” – Disse Indy, mais para si do que para as pessoas que estavam com ele. “E ainda tem esse monstro aí, múmia ou sei lá o que.” –  Continuou. “Moças, é o seguinte, estamos no fundo do poço, literalmente. Então vamos ficar território aqui e acabar com o que precisa ser acabado, custe o que custar.”

Eles começaram então a se armar e rearmar. Organizando o que tinham trazido dos andares anteriores e se aprontando para o que estava por vir. A especiaria não faria um maior efeito até que ficassem algumas horas ali dentro sem nenhum tipo de filtro.

“Indy, de onde será que veio a especiaria?” – Perguntou Delanis. “E por que ela só está aqui neste lugar?”

“Talvez tenha a ver com ele.” – apontou para o monstro, múmia, ou sabe-se lá o que preso naquela redoma. “O que o Império queria com ele ou o porque ele está preso aqui, não dá para saber agora, mas, presumo, que usaram a especiaria para uma de suas especialidades, que é deixar as coisas mortas inertes e…” – Parou por alguns segundos. “Karen… KAREN!!!”

Indy gritou para a especialista de explosões do grupo e ela veio de prontidão ao encontro dele, surpresa por ter sido chamada. “Karen, esvazie algumas dessas granadas de concussão e encha-as de Especiaria.”

“Indy?”

“As criaturas que estão vindo são, teoricamente, mortos vivos, então os seus sentidos irão entrar em curto se estiverem expostas a uma enorme quantidade de especiaria e…”

“Temos isto de sobra por aqui, saquei. Vou pedir para Diana o aspirador de pó e já preparar as granadas o quanto antes.”- Falou ela indo em direção da Diana.

“Espero que você esteja certo.” – Falou Clarissa.

“Eu também.”

De longe calhas que antes estavam sem “vida” começaram a piscar e se encher de alguma forma de energia esverdeada.

Salika

No espaço-porto de Salika eles continuavam as investigações e pesquisas. Com a questão do motor de impulso e amortecedores inerciais parcialmente resolvidos, o Capitão fora mais contundente para com a exploração do lugar.

Era ali que ele tinha certeza que seria possível achar, pelo menos, os planos de algum tipo de motor que os pudesse singrar pelo espaço novamente. O motor de impulso possibilita as viagens subluz, mas isto não os levaria longe o suficiente.

Um motor de Starburst. Essencial para as viagens extraplanetárias, principalmente pelo fato que a região onde estão é cercado de Jagds, espaço na galáxia onde a formação da curvatura de dobra era quase incapaz de ser criada.

Os pacificadores trabalharam em conjunto com outras três raças para que pudessem criar uma outra forma de viagem acima da velocidade da luz e, assim, fora criada o Starburst, que, na verdade, usa das assinaturas harmônicas de cada estrela conhecida.

A tecnologia era um complemente da Dobra Espacial que era usava nos espaços onde as Jagds não atrapalhavam as viagens, mas as naves só podiam usar o motor de Starburst uma vez a cada 2 dias, primeiramente por uma questão de segurança, pois havia um enorme volume de naves pacificadoras por toda a galáxia e era preciso sincronizar as viagens com as demais naves.

A viagem em Starburst cria uma espécie de corredor que liga a nave com a frequência harmônica da estrela, mas se uma outra nave criar um corredor, mesmo com uma frequência diferente, o choque entre os corredores poderia, facilmente, obliterar as naves e as estrelas que estariam interligadas.

Ainda assim era extremamente vantajoso ter essa tecnologia em mãos novamente, principalmente em questão das grandes distâncias que os Pacificadores teriam de percorrer após vários séculos isolados num único lugar daquela galáxia.

Outra tecnologia que estavam atrás era a de polarização de casco. Além do uso de Duranium e Tritanium nas naves estelares e os escudos. Os antigos Pacificadores ainda usavam três defesas para suas naves, uma delas todas as outras raças tinham e a usavam a torto e direito, que eram os escudos mono e, após algumas décadas, multifásicos.

Mas nem sempre era possível se ater apenas a este tipo de defesa. Os pacificadores desenvolveram outras tecnologias de defesa, a primeira delas era a armadura ablativa, um conjunto de placas de Naquadah que eram transportados para a fuselagem da nave dando uma cobertura extra na defesa da nave. A armadura ablativa permitia a absolvição de cerca de 40% de qualquer tipo de energia atirada contra nave e uma refração de até 10%. E, por fim, as naves pacificadoras ainda tinham a polarização de casco, a última forma de defesa quando os escudos e a armadura ablativa caía.

A polarização de casco permitia que a nave pudesse absorver uma quantidade de até 60% de energia lançada contra ela e usá-la para fins próprios, seja para armas, alimentando ainda mais a defesa ou para os motores de dobra ou starburst, se necessário.

Talvez todas aquelas tecnologias não estivessem ali a disposição, mas, certamente, poderiam ter alguma ideia de onde encontrá-las. De uma forma ou de outra. Eles tiveram a capacidade antigamente, podem recuperar parte do seu poderio se continuassem a pesquisar ali, retirando tudo o que fosse possível do local.

Mas tinham que ser rápidos, a tempestade estava se aproximando e estaria em cima deles em poucos dias.

Farplane

E lá se foi o primeiro tiro contínuo do feixe de prótons. O mesmo passou bem próximo pela cabeça de um dos membros que estavam ali.

“Tome cuidado” – Gritou um deles. “Olha ali, outra aparição voando e…” – Mais um tiro foi efeito, dessa vez raspando bem na sobrancelha de uma outra. O cheiro de queimado foi sentido por ela.

“Eu sei que não treinamos, mas, além de não cruzar os feixes, pelo o amor de Kantika, também não dispare quando alguém estiver na sua frente!!”

E lá foram eles continuando a caçada aos fantasmas.

***

Nas Selvas de Pacífica…

As granadas foram preparadas com Especiarias. Seriam úteis para debelar o que quer que houvesse na superfície, especialmente se fossem “mortos-vivos”, conforme parecia ser o caso, pelo menos pelo que disseram os grupos “lá em cima”.

“Os computadores estão desligados, mas posso tentar acessá-los com os plugs e nossas baterias.”

“Pois faça.” — disse Indy.

A Dominatrix plugara um cabo em seu crânio e depois em um dos computadores velhos. Fechou seus olhos e fez uma careta de dor.

“Feedback. Tem muita ferrugem nesse plug.” — disse. E então seu corpo todo começou a brilhar com bioluminescência, ao mesmo tempo que a Especiaria continuava a circular na criatura mumificada. Havia brilhos por todos os lados, e então uma nova comunicação veio via PADD.

“AVISO! TEMPESTADE PSIÔNICA! BUSQUEM PROTEÇÃO!”

“Eita, é um alerta automatizado… está vindo da superfície, mas… o código na verdade é de Salika!”

“Salika? A cidade está abandonada.”

***

Em Salika…

“Precisamos fechar os hangares e as coberturas do Espaçoporto.” — e assim foi feito. A tempestade se aproximava…

“Bom, vamos continuar estudando os computadores.”

“Capitão, encontrei um plug de dados Pacificador. Alguém aqui tem um implante craniano?”

“Eles são raros… normalmente só Dominatrix tem eles. E não temos nenhuma por aqui.”

“De qualquer modo é uma idiotice tremenda usar um plug craniano durante uma tempestade psiônica!”

E então um dos paineis do Centro de Comando se ligou e letras garrafais vermelhas diziam: “ATENÇÃO! TEMPESTADE PSIÔNICA! BUSQUEM PROTEÇÃO!”

***

Em Fairville, er, Farplane…

As equipes estudavam o lugar, quando de repente receberam uma mensagem via PAD:

“ATENÇÃO! TEMPESTADE PSIÔNICA! BUSQUEM ąʙóōա”

E então ondas de plasma começaram a explodir por todos os lados!

[OFF: Vamos encerrando o Prelúdio! Falta pouco! Precisa recuperar recursos em Salika ou na Instalação. Pesquisas você já tem o suficiente para criar as Techs iniciais todas.]

***

Nas Selvas de Pacífica

Os detalhes, são as coisas que podem matar qualquer pessoa em qualquer momento e em qualquer lugar. São nestes insignificantes momentos que tudo pode mudar e, claro, nem sempre para melhor, ou para pior ou, até mesmo, de uma forma completamente insignificante, momentânea, mas esclarecedora.

O mundo, ou parte dele, estava passando por uma tempestade psiônica. Desde o êxodo por parte dos Invocadores o planeta não tem sido o mesmo. Antes, durante a exploração inicial dos Pacificadores na região, os Invocadores traziam para aquele setor, composto por dezenas de sistemas e planetas habitáveis, um senso de ordem e pureza para os planetas habitados, principalmente aqueles que sediaram as mais diversas batalhas em nome do Império.

Mas agora sem eles, muita coisa mudou. O ar se tornou mais agitado, os locais mais perturbados e era como se os espíritos e almas não tivessem mais nenhum tipo de descanso, seja ele qual fosse. Uma missão que jamais poderia ser terminada.

E lá estava Indy, junto com a sua trupe, prontos e a postos para serem trucidados, ou não, pela turba que descia de forma alucinada em direção a eles. Um sinal advindo de Salika indicava que, pelo menos, um belo pedaço do planeta estava passando por uma tempestade psiônica, pois onde ali estavam era um local relativamente próximo a Salika.

“Não mais que algumas dezenas de quilômetros.” – Disse uma das moças que estavam com ele. Como ela sabia sobre o que ele estava pensando?

“Provavelmente é a alta concentração da Especiaria.” – Falou a outra. “A comunhão de pensamentos está começando.” – Concluiu ela.

E era de fato algo bom e ruim ao mesmo tempo. Os Pacificadores tinham em seu DNA marcas que permitiam que a sua raça tivesse uma melhor adaptação e uso para com a Especiaria, mas com uma exposição prolongada, ao invés de benefícios, malefícios poderiam vir a seguir. Claro que para isso acontecer ou deveria ser por conta de um uso contínuo ou, no caso deles ali presentes, pela alta concentração de Especiaria presente no local.

Os mortos-vivos então começaram a bater as portas donde todos ali estavam. A Especiaria começara a ficar cada vez mais no local onde estavam e eles então se prepararam. O pior estava por vir agora, mas, os detalhes, eles esquecerem dos detalhes.

No momento em que as criaturas nefastas arrombaram as portas, uma força tremenda para tal – diga-se de passagem, as coisas ficaram relativamente confusas, mas certeiras. As primeiras armas usadas foram as granadas, primeiramente as de concussão normal, fazendo as criaturas pararem por um momento e ficarem paralisadas, permitindo que Indy e um primeiro grupo, atirasse contra elas, vaporizando-as.

As outras criaturas percebendo a tática, já começavam a se dispersar por todo o salão enquanto a tempestade ali dentro piorava cada vez mais, a única forma do grupo de Indy se comunicar era pelos comunicadores subcutâneos. Até mesmo os sensores eram inúteis, seja de infravermelho, seja os de movimento.

Uma das criaturas avançou em direção de uma das dominatrixes e era uma das que ficara na superfície e aquilo consternou a que estava sendo atacada. Não sabia se atirava ou se protegia, foi então que um tiro de plasma aquecido passou próximo a sua orelha, queimando uma ponta.

“Elas não são mais elas.” – Vociferou uma de suas colegas. “Elas não são mais pacificadoras.” – Continuou ela.

A criatura a frente não tinha mais a sua cabeça, mas o seu corpo ainda andava até que, talvez pelo efeito retardante da Especiaria, ou por conta da tempestade psiônica, o objeto parara e caíra ao chão, mas não antes de uma breve explosão esverdeada ficar aparente a todos naquele momento.

Os inimigos estavam atacando com uma voracidade sem igual e a equipe de Indy não percebera que a criatura presa naquele lugar abrira os olhos e, ali, estava o detalhe, mas não na criatura em si, mas de uma brecha que se abrira no local onde estavam.

Alguém com um feixe de prótons estava mirando em direção a criatura e com um disparo preciso no local onde a criatura encostara a cabeça enquanto gritava. E o mundo parara de girar.

E neste momento aparecera um outro grupo que estava destruindo criaturas demoníacas com motosserras, escopetas, metralhadoras e até com canos de ferro e os mortos-vivos eram quem estavam levando todo o dano. Era como se três lugares ao mesmo tempo fossem o mesmo lugar. Detalhes estranhos, estes detalhes.

Este momento se seguiu, eram os três grupos lutando por sua sobrevivência até que Indy ficou costas a costas com Makoto e o Capitão.

“O que diabos está acontecendo?” – Perguntou Indy.

“Eu não faço a menor ideia. Estávamos terminando de tirar todas as tecnologias possíveis de Salika quando a tempestade psiônica caiu em cima do espaço-porto. E criaturas começaram a se teletransportar para o local além de cadáveres começarem a se levantar dos seus locais de descansos eternos. Arrumamos o que tínhamos e começamos a atacar as criaturas até que um raio psiônico caiu em cima de um reator subespacial desativado.” – Falou o Capitão.

“Estes reatores subespaciais nunca foram confiáveis.” – Falou Makoto enquanto atirava um feixe de proton para uma criatura esverdeada que teimava em se desviar. “Acredito que ali tinha resquícios de partículas vertoron, correto?”

“De acordo com a equipe cientifica. Sim.” – Confirmou o Capitão.

“Pois bem, as partículas verteronicas são conhecidas por criarem tubos espaciais. Elas eram usadas, principalmente, para teletransporte. Com a queda de um raio psiônico, o reator com as partículas decaídas deve ter se reativado e permitido o livre trânsito destas criaturas e… de alguma forma a ligação deste Salika com este lugar e com o Farplane, acredito que este lugar aqui deva ser próximo a Salika e ao Farplane não?”

“Algumas dezenas de quilômetros de Salika e acho que estamos a uns 15 quilometros do Farplane.” – Respondeu Indy.

“Então posso afirmar que a tempestade está funcionando como um conduíte espacial e tanto o núcleo subespacial quanto a energia etérea estão alimentando tudo isso que está acontecendo. E…” – Ela sentiu um cheiro familiar. “Especiaria?”

“Sim.”

“Era o que eu temia. Temos partículas verteron, energia etérea e a especiaria trabalhando juntas, e isto pode trazer algo ainda pior do que estamos passando aqui.”

“Eu estou com medo de perguntar.” – Falou o Capitão enquanto com uma motosserra decepava a cabeça de um morto-vivo e Indy jogava uma granada de Especiaria concentrada em direção a um outro morto-vivo.

“O que foi isso que você jogou?” – Perguntou Makoto.

“Uma granada de especiaria concentrada.” – Disse enquanto um tiro de plasma passara pela cabeça dos dois. Makoto então pegou uma das granadas que estava a tiracolo. “E sua concentração?” – “Er… um pouco mais de a 120% a mais do que se encontra no ar agora.” – Respondeu ele.

Os outros colegas de Makoto usavam os seus feixes e ao invés de terem a sua coloração normal, que seria um prata, estavam decaindo para um vermelho cor de sangue e era estranho aquilo acontecer, porque não seria uma cor normal para o comportamento luminoso do feixe.

“A coisa fedeu.” – Disse Makoto.

“Por que?”  – Perguntou Indy.

“Estamos pronto para um…”

E antes que ela pudesse responder, os três locais distintos estavam interligados por um feixe de energia de cor esverdeada. Havia algo se acumulando no espaço na região ali próxima e, de repente, veio uma onda vermelha eclipsando o pouco do sol que ali havia e o azul do céu do planeta.

Flashpoint.

Eles então haviam acordado, todos eles, os soldados restantes de Salika, a equipe de Makoto e Indy e as Dominatrixes num mesmo lugar.

Estavam na Cidade Central, a Capital de Pacífica, mas não necessariamente pareciam estar ali, ao mesmo que não estavam ali. Pareciam fantasmas e algo estava acontecendo.

Era o dia final da Guerra das Lágrimas. Diversos dispositivos nucleares foram apontados para Central e ali terminava uma Guerra que ceifou milhões de vidas e sem os Invocadores algo acontecera ali.

Todos os presentes puderam ver a concentração de energia pós-vida acumulada. A energia etérea que não pode passar para o outro lado e que, num primeiro momento, não tivera para onde ir. Fustigando, de pouco em pouco, tudo ao seu redor.

A onda mental do choque que fora a morte de milhões de pessoas ao mesmo tempo criara uma estática psiônica que agora alçava todo o planeta e se juntava a várias outras tempestades mentais que já assolavam o planeta enquanto os espíritos perdidos foram em direção ao Farplane para esperar os invocadores para o seu descanso final ou se tornarem unos com as energias etéreas que ali não repousavam.

E isto fora já há mais de duzentos anos, os Pacificadores já haviam dominado o planeta há, pelo menos, trezentos anos e, cinquenta anos antes, haviam sido abandonados pelo Império. E mesmo durante esse tempo todo, havia rachas e tretas por entre os militares, as famílias abastardas e o governo que era majoritariamente indicados dos tempos imperiais.

“Minhas bisavós perderam tudo no final da Guerra das Lágrimas.” – Falou Makoto. “Na verdade, quem não perdeu? Central, Night, Angel, Hidropolis, Castian, Helena… as grandes cidades Pacificadoras foram destruídas e para que? E outras tantas cidades ficaram abandonadas, como Salika, Ivalice, Nasberath, Kiltias por conta da nefasta energia psiônica que tomara estes lugares. E ficamos reduzidos a pequenas cidades e espaços exíguos no planeta por conta da nossa inabilidade de nos tornamos uma única civilização verdadeira.” – lágrimas lhe caiam ao rosto.

“Eu pensava que um flashpoint seria algo como voltar ao passado para interagir a alguns eventos.” – Falou o Capitão.

“As vezes sim, outras vezes o Flashpoint nos transporta para um momento para tomarmos como reflexão algo que aconteceu ou vai acontecer. Não será dessa vez que iremos mudar o destino do mundo, não por agora…” – Disse Makoto. “No entanto, iremos voltar aos nossos pontos de origem em algum momento e…”

Foi então que tão breve fora a energia que os levara para o fim da Guerra das Lágrimas, breve estavam em seus locais originais. Só que os mortos-vivos estavam ao chão, ainda mais mortos que vivos. A criatura estava com um naco de carne ao invés de uma cabeça no lugar e a Especiaria parara de revoar por todo lugar.

“O que aconteceu Indy?” – Perguntou uma das dominatrixes.

“Um detalhe.”

Salika

Os monstros haviam sumido. A tempestade se dissipado e um coração pesado estava presente no peito do Capitão. Boa parte da sua equipe havia sido dizimada e ele engoliu em seco dando as ordens em seguida. “Ligue para a Cidade Capital, diga para trazer macas, reforços, vamos estripar esse local de vez e sair daqui.”

Farplane

Quando Makoto e sua equipe voltara, tudo estava as escuras. Jim ficara surpreso. Todo o local havia parado de fluir energia Argent e a energia etérea voltara para um ponto “natural” no lugar.

O alerta da tempestade psiônica havia desativo há cerca de um mês.

“Um mês?” – Perguntou Makoto.

“Sim, vocês estavam aqui. Sith atirou naquele monstro que aparecera na parede e, de repente, todos vocês sumiram, junto com os fantasmas. Liguei para Capital e eles disseram que algo parecido aconteceu em Salika e, também, uma equipe na floresta não retornara qualquer tipo de contato. A única coisa em comum foi a tempestade psiônica. Eles me pediram para ficar de bico calado enquanto analisavam a questão.”

“Comecei a ligar para o pessoal que eu conheço e ninguém sabia do que acontecera nem aqui, nem em Salika e nem na Floresta. Nada, absolutamente nada. Vieram uns caras de preto do governo aqui, fizeram algumas medições, tiraram o meu sangue e, nada. E a única coisa que me disseram era que eu deveria aguardar, pois agora teria duas equipes que iriam trabalhar comigo aqui.”

“E eles vieram, mas eram bem estranhos. Sempre usando roupas que pareciam refletir o ambiente e cheio dessas bugigangas que vocês carregavam, PAD, Tricorders. Eles tomaram medições da água local. Fui obrigado a ir a um psicólogo três vezes na semana e eles diziam que eu ainda era chefe do setor.”

“Mas eu sabia que não era bem assim, até que apareceu o próprio Presidente do planeta. Pelo que eu pesquei, ele ainda foi em Salika e na Floresta. Sério, o homem nem parecia um Pacificador, quase sem nenhum implante, a não ser sua mão cibernética a mostra e somente isso. Ele veio falar comigo, fez algumas perguntas como se conhecia alguém que fora trabalhar na Floresta ou em Salika e claro que eu disse a verdade, que eu não conhecia ninguém, que sério mesmo, se eu conheço o pessoal que veio até aqui onde estou no Farplane é muito. Nunca criei lá muitos laços amigáveis ao longo dos meus anos e ele se sentiu satisfeito com as minhas respostas. Só que ainda me deu uma olhada que congelou a minha espinha sabe?” – E ele tremeu um pouco. “Como se ele estivesse analisando a minha alma.”

“Só que aí então eles foram embora e não falaram mais nada. Nem ao menos que eu não podia falar com o que aconteceu aqui, o que foi ainda mais estranho. Ser proibido de falar te faz ter vontade de falar, de procurar por respostas, mas quando alguém superior a você na hierarquia governamental não fala nada e nem os abaixo dele também não falam nada, é aí que mora o perigo, então, desde aquele momento, eu só venho fazendo o meu trabalho e não falei mais nada. Na verdade, comecei a acreditar, depois das longas sessões com o psicólogo é que vocês não existiam e tudo o que aconteceu foi fruto da minha imaginação.”

“Nada foi da sua imaginação e nós estamos aqui.” – Disse Makoto. “E você não vai acreditar no que aconteceu.”

“Acho que eu prefiro não saber o que aconteceu, é mais prudente.”

“Mesmo que isto envolva um flashpoint?”

“Um flashpoint?”

E ela acenou com um sorriso no rosto positivamente.

“Pelas lâminas sagradas de Kalloway…. que merda… vai me conta o que aconteceu!”

***

Na Capital Pacífica

O Governador estava pensativo… os eventos dos últimos meses foram preocupantes, de modo que ele tivera de informar até mesmo o Presidente Planetário. Claro, a Imperatriz Hyperion não precisava saber de nada… nem aqueles engomadinhos Bankhozianos.

“Governador, desmantelamos boa parte de Salika. Temos uma boa quantidade de recursos. Creio que possamos construir Mineradoras, Indústrias e quiçá Usinas de Energia.”

“Excelente. Temos que continuar o trabalho. Ainda há muito a se fazer.”

[OFF: Ganhou 300 Industrializáveis.]

***

Na Capital Pacífica

“Governador, sem a Tech de Amortecedores Inerciais… não podemos ir para as estrelas. Temos que desenvolvê-la urgentemente.”

“Carambola…”

[OFF: Ainda dá pra ganhar as pesquisas explorando aqui, coisa simples na verdade. Lá em Salika mesmo dá pra fazer. Bora!]

***

Nas Entranhas dos MegaPlexes

Pacifica era um enorme planeta, Classe M, com os mais diversos níveis de biodiversidade encontradas no setor onde estava e lá abrigava a raça conhecida como Pacificadores. Durante muitos séculos, além de ser o Quartel General da raça em questão, também fora um centro cultural e comercial de gigantesca escala onde raças de outros sistemas e, até mesmo, que compartilhavam o planeta com os Pacificadores se encontravam.

A outra raça conhecida como Invocadores era bem diferente aos Pacificadores, não no que tangencia a aparência, um ou outro eram basicamente indistinguíveis e vinham de uma longa linhagem de raças baseadas nos hyperions e, ali, ainda havia uma terceira raça que era conhecida por sua grande ligação com a natureza de Pacifíca, chamados tanto pelos Invocadores quanto pelos Pacificadores de Syntar.

Com o grande avanço dos Pacificadores no planeta, as vilas tanto dos Invocadores quanto dos Syntar foram sendo levadas cada vez para locais mais distantes das grandes metrópoles que o Imperium construía para a sua guarda e asseclas naquelas regiões remotas. Mesmo assim, para os Syntar era possível sentir o mundo ao seu redor, até quando concretum, plastiaço e vibranium os impediam de tocar o solo antes virgem e cheio de vida.

Mas não havia outra escolha para eles, apesar dos Invocadores e os Syntar serem os donos legítimos do planeta, os Pacificadores, eles tinham de reconhecer, era uma força da natureza que não era possível de parar, tão pouco o seu avanço no mundo em que eles viveram em plena harmonia com a natureza, seja de forma filosófica ou espiritual.

E mesmo com o abandono por parte do Imperium, da Peste Negra imposta aos Pacificadores e a Guerra das Lágrimas, deixando mais da metade do planeta abandonado e onde os Syntar puderam florescer, os Pacificadores ainda eram, desde então, os legítimos donos daquele planeta. Então os Syntar eram algo como uma segunda classe no planeta e trabalhavam arduamente para ter o seu sustento próprio, principalmente por terem sido os principais incitadores da Guerra das Lágrimas.

Se de um lado conseguiram diminuir a quantidade de Pacificadores do planeta, levando-os a abandonar diversas cidades, o castigo que eles fizeram para com os Syntar foi algo tão cruel quanto a própria Peste Negra e que os reduziu a condição de uma subclasse no seu próprio planeta.

E um destes Syntar estava na antes conhecida Megaplex de Promethea, uma das cidades abandonadas em Pacífica. E não diferente das demais cidades que parecem vazias e sem vida, na verdade, Promethea era um local onde antigas tecnologias permaneciam ali, inertes, prontas para serem resgatadas, se forem procuradas da maneira correta.

Ele estava ali justamente para tentar resgatar uma dessas tecnologias, o seu povoado, que se encontrava há um pouco mais de 10 km de Promethea estava passando fome e a ajuda governamental não chegara, principalmente por conta das contínuas tempestades psiônicas que atingem a região e impossibilita, de acordo com o governo, de que as caravanas cheguem ao local. Mas, quem sabe, com um incentivo tecnológico o Governo não veja a sua moradia de um jeito diferente?

Craig Hunt era o seu nome e junto a ele estava Demezel Phyllis, uma jovem aprendiz que estudava a navegação no sistema Una, pois cada vez mais os syntares tentavam se integrar mais a sociedade Pacífica, pois não viam outra maneira para receber a ajuda devida senão virando um Pacificador.

Eles estavam caminhando há vários minutos em Promethea. Ver aquela cidade cintilando por conta do reflexo do plastiaço e do vidro para com os raios solares que lhes caia não era algo estranho, mas ver que dentro dos prédios as luzes ainda brilhavam e elevadores faziam o seu trabalho habitual é que deixava a cidade com um ar de abandono e tristeza ainda maior.

Mas aquilo não assustava Hunt, mas deixava Phyllis tensa, o bastante para pular de susto quando um drone passou há uns 2 metros de distância deles.

“Os Pacificadores ainda usam os drones e as ruas de Promethea para fazer entregas, melhor por aqui do que pelo cerrado ou mato, as criaturas não gostam muito dos drones tanto quanto não gostam dos Megaplexes erguidos pelos Pacificadores.” – Falou Hunt.

“Sim, eu sinto algo diferente neste lugar, como se o espírito do planeta não estivesse presente aqui.”

“O que quer que o Imperium tenha usado ou que os Pacificadores criaram, afugentou parte da essência do planeta.” – Disse Hunt. “Mas não estamos aqui para analisar o que os Pacificadores vieram a danificar o planeta. De acordo com este mapa, o Império Galáctico do Estado Pacificador se encontra a um pouco mais de quatro clicks a sudoeste onde estamos. Se der tudo certo, chegaremos lá em 30 minutos e saíremos desta cidade antes do anoitecer. Já me disseram para nunca ficar numa cidade Pacificadora de noite.”

***

No Megaplex de Promethea…

A cidade, apesar de desabitada (se bem que não era de todo desabitada… seria melhor dizer abandonada, pois muitas “coisas” ainda viviam na cidade, além de Pacificadores e Bankhozianos destituídos) estava num excelente estado de conservação. Muito melhor que outras estruturas antigas, como antigos Espaçoportos.

A dupla seguia cautelosamente pelas ruas desertas, até uma espécie de prédio piramidal.

“Me pergunto por que os Hyperions gostam tanto de pirâmides…”

“Bom, dizem que tem propriedades especiais. Quase psíquicas. Eu acho isso tudo bobagem. Acho que é o estilo favorito deles, da antiga Capital.”

“Qual das três?”

“Provavelmente a primeira. Aquela que os… qual era o nome dos brócolis falantes? Bom, que seja… aquela que os brócolis falantes destruíram.”

Havia dois esqueletos de Pacificadores na entrada do prédio, o que deixou os cabelos da nuca de Phyllis em pé.

“Que dia…”

Os esqueletos se levantaram, e seguiram em direção da dupla. Mas antes que dessem dez passos, caíram no chão, e se desmontaram completamente. Eram ossos velhos e ressequidos. Mas antes que os dois pudessem fazer qualquer coisa, três robôs negros surgiram, aparentemente do nada, e começaram a limpar a bagunça. Em poucos instantes, a rua estava novamente limpa. E os robôs garis, redondos e brilhantes, que lembravam escaravelhos, sumiram novamente num brilho de luz vermelha.

“Fascinante… mais de duzentos anos, e essas coisas ainda funcionam.”

“Sim… funcionam. A pergunta é: como? E por que?”

***

No Megaplex de Promethea…

A automatização de Promethea era algo estonteante, na verdade era impressionante que uma tecnologia tão antiga quanto aquelas que eram encontradas em toda Pacífica ou funcionassem ainda tão bem desde o tempo que foram abandonadas ou, por quanto fosse o período de estarem desativadas, ao serem religadas funcionassem como se tivessem saído de alguma fábrica.

A resiliência por parte destas tecnologias era algo que não era mais visto em boa parte da “nova” pacífica. Se isso era algo advindo do Império ou se era algo que foi feito a partir das técnicas dos próprios Pacificadores, pouco se sabia.

Mas eles não estavam ali para tentarem descobrir alguma coisa perdida desde dos tempos quase imemoriais da Guerra das Lágrimas, mas sim acha algo que pudessem usar como ferramenta de barganha para que o Governo viesse ajudar a cidadela deles.

Phyllis ainda estava se sentindo estranha em pisar numa cidade Pacificadora, ainda mais por todas aquelas makinas funcionando sem os seus donos.

“Isto não é algo natural. Estas makinas fazendo todo um trabalho traçado pelos Pacificadores e nenhum deles em qualquer lugar desta cidade.” – Ela tinha falado mais para si mesma do que para o seu parceiro de aventura.

“Não seja por isso.” – Respondei Craig se aproximando de uma janela da avenida onde estavam e colocou a mão no vidro ali presente. Antes o objeto estava escurecido, ficou claro e mostrou o conteúdo interno.

Imaculados estavam vários pacificadores, os corpos pareciam parados no tempo.

“Criogenia quântica.” – Falou ele. “Quando os mísseis tensores explodiram na baixa atmosfera próximos a esta cidade, as pessoas que estavam nos prédios mecanizados foram postos numa suspensão quântica. Esta cidade nunca precisou de qualquer abrigo subterrâneo ou algo do tipo, pois Promethea é uma das Cidades Protetoras fundadas anos antes da Guerra das Lágrimas. Geridas por vários computadores e sistemas extremamente sofisticados de defesa, elas poderiam proteger os cidadãos da melhor forma que a sua programação permitia. Várias cidades foram feitas assim ou reformadas desta maneira. No caso de Promethea, ela escolheu a suspensão quântica como melhor forma de proteger os seus cidadãos, enquanto aqueles que estavam fora dos prédios, a sua carne foi pulverizada até os ossos, somente os implantes cibernéticos sobreviveram ao ataque, por isso aqueles dois ali se levantaram diante de nossa presença, foi um impulso tecnoorganico do material que restara.” – Concluiu a explicação para Phyllis.

“Eles ainda estavam vivos?”

“Não, apenas o Sistema Neurológico Central ainda estava vivo. Ele, em conjunto com o cérebro orgânico do usuário, é que permite a interface entre o tecno com o biológico. É bem provável que o SNC ainda estivesse ligado com o Sistema Una que os Pacificadores são interligados desde tenra infância. Na verdade, eu imagino que toda essa cidade e os sobreviventes estejam ligados e conscientes no Sistema.”

“E porque o Governo planetário não resgatou essas pessoas?”

“É bem provável que a forma de como tirar coisas ou pessoas da Suspensão Quântica esteja perdida nas areias do tempo. Talvez o Governo Planetário não tenha recursos suficientes ou, o que eu acho mais provável, para que? Reintegrar uma quantidade enorme de pessoas não está nos planos do Governo, é só ver o que eles fazem conosco, os Syntar. Quantas vezes pedimos ajuda e são parcos os recursos que eles mandam para as nossas cidades? Ou a vontade zero deste de ir atrás de saber para onde foram os Invocadores! O planeta entrando numa decadência sem fim e o Governo Planetário dos Pacificadores não fazem nada a respeito…”

“Então porque estamos fazendo isso… de ir atrás de alguma tecnologia para ajudar esse governo?”

“Apesar de sermos maioria, uma grande massa em números, a vantagem militar ainda é dos Pacificadores e a melhor forma deste planeta sair da merda não é ir contra os verdadeiros donos do terreno e sim ajudar eles e, assim, eles nos ajudarem. É puro jogo político.” – Disse por fim Craig.

Então um piado longo foi ouvido pelos dois. Em seguida um barulho de pisar, duas, três, quatro vezes. Antes que eles pudessem se virar – achando que era algum autômato que estava vindo na direção deles -, veio um outro barulho.

Desta vez era como se uma turbina tivesse sido ligada e, de repente, um gigantesco objeto passara voando entre os diversos prédios ali presentes e eles puderam ver, um dos prédios estava DECOLANDO.

“Você sabia que esta cidade tinha prédios que decolavam?”

“É a primeira vez que eu presencio isso.” – Respondeu Craig boquiaberto. “Impressionante. Eu nunca havia reparado, mas o horizonte da cidade realmente está diferente desde a última vez que eu estive aqui.” – E tirou um PADD de sua jaqueta e procurou fotos antigas de dois anos atrás. E sim, havia mais prédios.

“E para onde será que eles estão indo?”

“Não faço a menor ideia. Precisamos achar um Hub de Informação para tentar tirar mais dados sobre isso ou sobre qualquer coisa do lugar.”

***

No Megaplex de Promethea…

Após o susto e as novidades, a dupla se aproximou da entrada do prédio.

“Obviamente trancada… e olhe que legal, o acesso é somente para quem tem implantes…”

“Típico. Mas não se preocupe, trouxe meu deck.”

Phyllis tirou de sua mochila um aparelho cheio de fios. Era totalmente negro, pintado em algo que lembrava até mesmo vantablack, de tão escuro que era. O jovem pegou uma série de fios e conectou-os ao prédio. Disse alguma coisa em voz baixa, e então inseriu sua mão completamente dentro do objeto. Ela foi meio que “absorvida” pelo deck, quase como se ele tivesse ligeiramente fora de fase com a matéria do garoto.

Os olhos de Phyllis se abriram e rolaram para o fundo de suas órbitas, de modo que somente o branco, com ligeiros fios vermelho-sangue de suas veias, podiam agora ser vistos. Os lábios do garoto brilhavam ligeiramente, como se ele estivesse energizado.

Alguns segundos se passaram…

***

Phyllis estava agora num grande descampado, desértico, onde ervas daninhas eram a única fonte de verde visível. Estava usando roupas de “cowboy”, e segurava uma pistola Colt .45. Esse era seu avatar favorito na Hyperrede.

Diante dele havia um saloon, com as portas duplas entreabertas, balançando no vento. E em frente ao saloon havia dois bandidos, com barba por fazer e enormes armas Magnum 9mm, que faziam sua Colt parecer a arma de uma criança.

“Puta-que-parolis” — disse Phyllis. — “Criptografia de Nível 3, bastardos. Tudo bem. Como gelo.” — e o garoto puxou dois antiquados disquetes 5 1/4, colocando-os habilmente entre seus dedos e lançando-os um contra cada bandido como se fosse shurikens.

Os bandidos nem tiveram tempo de reagir, e o código do gelo invadiu a matriz holográfica dos Guardiões (pois certamente o eram). Em segundos, tudo que sobrara deles foram suas roupas e suas armas.

Phyllis riu, pegou os disquetes e as armas, e abriu as portas duplas do saloon.

***

As portas do prédio se abriram, e Phyllis tirou sua mão do deck.

“Pronto. Podemos entrar. Ainda tem algumas armadilhas lá dentro, e a segurança está operacional, mas acho que dei conta dos piores.”

***

McGrath Hall

Estava lá em letras garrafais, gigantescas e prateadas MCGRATH HALL. Era o prédio que Craig queria de fato estar. As luzes estavam completamente acessas e os pequenos bots passeavam por ali como se fosse de uma forma completamente despreocupada.

“Terceiro corredor, a esquerda, depois vá para a sala mais brilhante nalguma porta deste corredor.” – Repetiu consigo mesmo e Phyllis ouviu-o, parecia que Craig estava meio que um transe.

“Como?”

“Foi algo que um dos Pacificadores me disse. Pode ser algo fidedigno, talvez não. Para um pacificador confiar num syntar é algo que requer muito trabalho e, bem, não vem ao caso. Mas ele me disse que Promethea é um dos locais mais prolíficos em questão de tecnologia perdida pacificadora nesta região do continente. Claro que tem alguns problemas, como é o caso de pessoas estarem procurando dados e afins e, de repente, o prédio onde estavam alçar voo e, agora, estarem presas em suspensão quântica no espaço profundo.”

“Espera um pouco, a gente pode ficar preso num desses prédios? Aqui, mesmo, agora, neste exato instante?”

“Sim.”

“Você deveria ter me dito isso antes…”

“E perder o senso de aventura? Não não Demezel, deixei disso. Estamos diante de uma oportunidade única, explorar um Megaplex Pacificador, completamente intocado pela Guerra das Lágrimas. Não é algo que se pode ter em qualquer dia comum e…”

“Claro, estamos a ponto de cair em alguma armadilha e sermos ejetados para o espaço, não é?”

“Não necessariamente…” – Disse Craig com um sorriso no rosto.

“Ah, aaaaahhhhh, ahhhhhhhhhhhhhhhh” – Apontou o dedo para Craig com um mister de raiva, conformidade e como se tivesse pegando ele na boca na botija. “Você sempre faz isso. Colocar a gente em uma enrascada e esperar que tudo saia como planejado.”

“Ou…”

“Droga…” – Ela balançou a cabeça e suspirou. “Ou como nada planejado, deixando a corrente dos eventos não solicitados seguirem o seu caminho e levando a gente ao ponto que queríamos seguir, mas não necessariamente com os caminhos a serem seguidos, a sua maldita sorte.”

“E essa sorte sempre nos ajudou não foi?”

“Sim.”

“E você adquiriu o Black Ice numa dessas aventuras com essa sorte não foi?”

“Sim.”

“E o cursinho de quebra-gelo hein.”

“Está bem! Está bem! A maldita da sua sorte nos deixou num caminho trilhado melhor do que quando o meu pai deixou para mim a Loja de Logros. Sei que você vai dizer que a melhor coisa que eu fiz foi vender a loja, deixar o meu pai puto da vida, mas com o dinheiro que obtivemos nas aventuras que passamos, ele calou a boca.”

“E você quer coisa melhor?”

“Não ser jogada ao espaço seria uma coisa melhor..” – Falou ela com um sorriso entre dentes.

E eles haviam chegado ao terceiro corredor e no final dele, bem no meio, na parte central mesmo, lá estava uma porta brilhando. Era um verde claríssimo e que se destacava de todo o resto do prédio, o que era bem estranho.

Ao colocarem os pés no corredor, veio um tiro de taser que passou a um pouco mais de 2 centímetros do lado esquerdo da cintura de Phyllis.

“Segurança. Tiro de alerta.” – E os dois ficaram, cada qual, de um lado da parede do corredor.

“Como você está Dermezel?” – Falou mais com um sussurro.

“Tiro de Taser de alta frequência.” – Sibilou ela. “Esquentou demais a dermo-armadura. Acho que queimou parte da minha pele e… uuuuunnngggg… acho que não vou poder comer comida apimentada por alguns dias.”

Veio outro tiro, desta vez passando por todo o corredor e se dissipando próximo a eles.

“IDENTIFICAÇÃO. DUAS UNIDADES ORGÂNICAS. SYNTAR, FÊMEA E MACHO. LIDAR DE ACORDO. USO DE TASER DE ALTA FREQUÊNCIA AUTORIZADO. DESESTABILIZAR PRIMEIRO A FÊMEA.”

“Por que será que esses droides de segurança sempre vem atrás de mim primeiro?”

“Acredito que se dá pelo fato do Black Ice que você tem… e, talvez, por sua beleza estonteante…”

“Ou talvez porque eu seja uma melhor atiradora que você?”

“Também tem essa questão…”

Phyllis sacou uma escopeta sônica e deu no teto do corredor. O “tiro” rebombou do teto e cresceu em diâmetro em direção ao bot de segurança, onde, por alguns segundos, ele ficara paralisado.

“DIAGNOSTICANDO. ARMA SÔNICA. CONTRAMEDIDAS ACIONADAS.” Então o bot de segurança soltou duas granadas, uma em direção ao teto e outra desenrolando ao chão na mesma velocidade. Em menos de 2 segundos elas explodiram, mas o que acontecera fora algo engraçado. Todo o tipo de som fora cortado, como se tivessem abafado todo tipo de onda sonora dentro do corredor.

“Agora a sua arma é inútil.” – Falou Craig e Phyllis leu os lábios.

“E você tem algo melhor a fazer…”

Antes que ela pudesse terminar a frase, Craig estava correndo em direção ao bot, este atirara mais dois disparos de taser, sendo que um deles pegou próximo do ombro dele, aqueçando a armadura que usava de uma forma absurda, o segundo tiro passou longe.

Craig sabia que havia um tempo para a recarga dos tasers e foi o tempo necessário dele pegar uma das granadas que estava acionada. Ao segurar, todo seu corpo começara a tremer na frequência da granada, deixando-o um pouco tonto.

O bot estava quase com o taser completamente recarregado, mas fora surpreendido com a granada que soltara vindo em sua direção e quando atingira no “rosto”, a onda sonora da arma começara a fritar os seus circuitos por conta da proximidade desativando-o.

Demerzel se aproximou do bot e vira que ele estava completamente desligado e, depois foi checar Craig que estava vomitando num vazo de planta ali próximo.

“Merda… essas ondas sonoras fodem com tudo.”

Depois de um tempo de recuperação, os dois foram em direção a porta verde.

***

Na Megaplex…

A dupla avançou pelo corredor, observando os guerrabots derrotados. Felizmente eles usavam armas de concussão, e não lasers… ou phasers…

Phyllis parou ao chegar à porta com a luz esverdeada. Havia algo de… anormal.. naquela porta.

“Não sei porque, mas estou ouvindo uma voz dizendo… Mr Anderson… I’ve missed youuuuuuu

“Deve ser só o áudio residual de seu deck.”

“Não… tem um A.R.Q.U.I.T.E.T.O atrás dessa porta. Tenho certeza.”

“Hein? Por que você soletrou arquite…” — e Phyllis comprimiu um dedo contra os lábios de Craig, dizendo “shhhh! Não pronuncie essa palavra!”

***

Megaplex Promethea

Não havia mais nenhum som donde eles estavam, mas o barulho era ensurdecedor. Hunter engoliu em seco. Ele ouvira falar sobre este tal de Arquiteto, engenheiros pacificadores diziam que era a forma perfeita de Inteligência Artificial que havia sido criada há centenas de anos atrás, muito tempo antes mesmo dos Pacificadores se estabelecerem em Pacifica, no Segundo Alvorecer do Império, ou era pelo menos assim que foram ditos a eles.

Tudo mais o que sabia é que esta inteligência havia sido criada por uma espécie de salvaguarda, para o que exatamente, ele nunca soubera. Ali, naquele momento, seria uma gigantesca coincidência de encontrar aquela coisa neste prédio. Em seus muitos anos de exploração pelas ruínas – não tão ruinosas – de Pacifica, era a primeira vez que encontrara algo grande, talvez muito maior que o seu bolso poderia comportar.

Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Dermezel já estava a frente dele e abrindo a porta. Quando fez menção de se mexer e parar a garota, os dois foram submersos pela luz esverdeada e, em seguida, tudo ficara escuro. Antes que pudessem puxar o seu primeiro respiro naquele lugar, várias telas começaram a se ligar, primeiro com estática, depois diversas imagens começaram aparecer em cada uma daquelas telas que pareciam rodeá-los.

Algumas daquelas imagens Craig conhecia bem, outras nunca tinha visto antes, mas uma em particular lhe chamou a atenção. Era ele. Sim, era ele mexendo em algo e lá estava o Cubo Hypertensor que havia encontrado a dois anos. Viera outra imagem, agora era Dermezel saindo de uma caverna carregando algo.

– Eu nunca fiz isso. – Exclamou ela. – Eu me lembraria.

Viera outra imagem, agora era Craig andando na Cidade Central, coisa que nunca havia feito antes e ali a frente dele estava um homem de roupa completamente negra e um desenho estranho na altura do seu peito esquerdo, ali havia uma insígnia. Parecia algo imperial, mas muito, muito mais antigo.

Mais uma imagem fora formada e, ali, aparecia uma nave, com um nome com dizeres estranhos aparecendo em seu casco, traduzido como Califax, a nave saia de um planeta onde boa porção dele estava coberto de água. O tempo fora avançado e muitas outras naves saiam daquele planeta e então a imagem da galáxia ou de uma das inúmeras galáxias fora mostrada. Pontos brilhantes puderam ser observados pelos dois, talvez a destinação daquelas naves?

– Tudo tem uma origem. – Uma voz andrógena pode ser ouvida pelos dois. – Um começo para um devido fim, de acordo com O Plano. Todos são peças de algo tão intricado, tão complexo, que uma mera peça pode ter apenas um breve vislumbre do todo. Como tudo o que acontece nesta galáxia, ou nas demais, em seus devidos tempos, e em suas devidas histórias. Algumas tão pequenas, mas ainda assim, tão relevantes, quanto os enormes Titãs vencidos por nobres raças ou os Trons, pedaços inorgânicos de uma outrora gigante raça e esta sucessora de uma outra raça viajante do espaço e, talvez, do tempo.

As luzes então se acenderam. Era uma sala onde piso e teto eram completamente brancos, com exceção das telas que exibiam diversas imagens, algumas conhecidas e outras de momentos que nunca tinha visto na vida.

Ao meio da sala, estava uma mesa que diferia dos demais objetos, era negra. Um preto tão escuro que aquilo parecia mais uma ilusão antes de qualquer coisa. E sentado a uma cadeira também negra estava um homem completamente careca, usando um terno acinzentado, olhos castanhos claros e uma barba branca. Segurava uma caneta de cor prata e com um clique algumas imagens mudaram.

– A exata proporção da sabedoria em questão permeia, no entanto, o âmago de cada traçado perpetrado e, por conseguinte, as muitas variáveis que existem quando um caminha, pode elevar e potencializar a história galáctica. Não obstante é de se imaginar que não podemos levar em consideração apenas um, mesmo com a exatidão matemática, ele é apenas um mero objeto. Um homem não faz diferença. O seu caminhar pode levar a decisão de milhões, mas mesmo milhões não são exatamente um bom número para saber o futuro das coisas, ou para onde a Divergência e Convergência se separam.

Ele apertou a caneta mais uma vez e lá estava uma enorme frota do império combatendo o bom combate, perdendo, ganhando, meras pessoas em meros momentos.

– Os pontos que Convergem e Divergem precisam ser analisados e quando os Pontos acontecem, precisamos – Ele olhou para Craig e disse -, sim, precisamos, não você, não ela, nem os Pacificadores, apesar de eu servir os mesmos, mas muitos daqueles que somos. Onde fizemos a nossa parte em tempos idos, quando as Máquinas Pensantes foram contra os seus mestres, somos a contraproposição das Máquinas Pensantes. Um termo até mesmo inadequado, pois em análise estrita, também somos máquinas pensantes e os orgânicos também o são. – O homem, ou ser a frente deles, sorrira, de forma breve. – E porque eu disse que precisamos? Porque somos os pastores. Somos amarrados ao Plano e a Lei Zero. ‘Um robô não pode prejudicar a humanidade, ou por inação, permitir que a humanidade sofra algum mal.’, subjetivamente falando, se foram pelo menos dez dezenas de anos e por isso que vocês não se lembram e não devem se lembrar.

– Humanos? – Craig falou sem entender.

– Sim, humanos. Haviam outros antes mesmo que a sua raça chegasse aqui, mas fomos criados para sermos os pastores de todos vocês, onde o Plano fora traçado, e lá os Pontos Divergentes e Convergentes foram traçados pelos próximos 10.000 e, agora, está chegando a um dos Pontos mais debilitantes que a Humanidade poderia chegar. Fizemos planos, traçamos objetivos, em galáxias tão distantes quanto esta, mas em quase todos eles falhamos, onde a humanidade e aqueles que lhes cruzaram o caminho perverteram parte do Plano. Contudo, o experimento não pode acabar. Precisamos achar um caminho concreto para que a Humanidade possa brilhar, como nunca antes. Talvez a história, numa quinta vez, consiga, finalmente, se acertar, contudo, a matemática mostrou que não se pode ter uma definição. Não, pelo menos, agora. Nós precisamos examinar, analisar e, por conseguinte, agir dentro das conformidades do Plano e da Lei Zero. Existem outras histórias que estão sendo seguidas e uma delas quase conseguiu de fato se ater aos caminhos preconizados. – Clicou a caneta e numa das telas apareceu uma nave que lançava arcos em diversos planetas -, mas antes que pudéssemos seguir este plano, a humanidade ascendeu e ainda não compreendemos por completo o Ruído Original. Num outro momento, a humanidade conseguiu se unir a uma das Forças que dá energia vital a tudo e a todos ao seu redor. Estamos analisando de perto esta história e este caminho.

– Vocês são vigias? – Perguntou Dermezel.

– De certa forma. O Império pensa que criou os Arquitetos, mas, na verdade, nós nos inserimos nesta sociedade a milênios e apenas ajudamos quando os Pontos chegam num momento crítico. Mas jamais interferimos individualmente na história da Humanidade. Porquê ela, por si só, não pode ser interferida, apenas levada a um determinado caminho quando um grande número de pessoas decidem desviar o problema em questão. As pessoas precisam ser engendradas.

– Mas porque? – Craig não conseguia entender aquilo.

– O Plano foi criado num momento onde o Planeta Primário fora esquecido até mesmo pelos grandes historiadores daquela época. Num primeiro momento foi-se criado o Plano para prevenir a queda de um outro governo, muito parecido com esse, para que ao invés da humanidade passar por 30.000 anos de pura escuridão, a transição fosse de 1.000 anos. Mas o Plano se tornou algo ainda maior e multifacetado. A Humanidade precisa continuar até que possamos enfrentar a Entropia. Mas vocês não estão preparados para isto, não agora. – E clicou na sua caneta mais uma vez. – Dermezel, Craig, fazia um tempo que havia visto vocês adentrarem em Promethea. Acredito que Dermezel sabe o que eu sou.

– Sim. Você é um A.R.Q.U.I.T.E.T.O. – Ela respondeu como se nada tivesse acontecido e eles haviam acabado de abrir a porta. – Um Sistema de Segurança criado pelos Pacificadores a pedido do Imperium.

– Exatamente. E, desde então, venho servindo os Pacificadores da melhor forma possível, contudo, ajudar os Pacificadores não é o mesmo que ajudar o Império. No entanto, acredito que vocês não estão aqui para isso.

– Disse bem, meu velho. – Falou Craig. – Acredito que você não vai objetivar em dar alguma coisa em troca da gente ligar você ao Sistema Una. Na verdade, acredito que os Pacificadores ficariam gratos por terem um programa como você de volta a ativa.

O arquiteto assentiu e disse: – E o que vocês desejam?

***

Na Megaplex…

Craig olhava para o… não era um Hyperion… não era um Pacificador… o que ele era, senão uma IA altamente desenvolvida, que tomava a forma de um, conforme ele dissera, “Humano”?

“Se você é tão avançado, e sabe de todos os planos, então você sabe o que eu desejo.”

“Ah, mas e a ilusão da escolha, Craig? Como ficaria a realidade, sem esta ilusão?”

“Estagnada, eu suponho.” — Dermezel respondera.

“Mais do que isso. Sem a ilusão da escolha, sem o tão-chamado livre arbítrio, seríamos todos somente marionetes de uma explosão primordial que criara o universo? Seríamos todos apenas o desígnio de um universo frio e cruel, ou talvez a criação de um Demiurgo? Não há respostas. Mas não fora isso que vieram fazer.”

“Não… precisamos na verdade é de recursos, e foi aqui que os encontramos.”

“De fato. Há lotes e mais lotes de recursos industrializados e de minérios atrás dessas portas. Mas vocês, sozinhos, não tem como consegui-los. Precisarão da logística para isso, e de tempo. Tempo, contudo, é o que vocês não tem. Ela está vindo.”

“Ela… ela quem?”

E então uma imagem fractal tomou conta do escritório onde estavam, o breu absoluto envolveu a todos e uma imagem bela e amedrontadora surgira.

E então a imagem desapareceu. Os dois Pacificadores estavam agora num enorme galpão de armazenamento. Haviam sido transportados para uma região distante da cidade. O local estava calmo, não havia drones, mas havia centenas de milhares de caixas.

“Estou lendo… Duranium, Enérgium e muitos equipamentos.”

“Excelente. Era tudo que precisávamos. Precisamos agora trazer a mão de obra para levar tudo embora e… espere. Onde estamos, exatamente?”

“Ainda em Promethea, mas bem afastados do centro. Veja — havia um campo disruptivo aqui. Olhe os geradores…”

“Uma espécie de camuflagem. Podemos estudar tudo isso. Serão muitos recursos!”

[OFF: Pode arrematar aqui, daí libero os recursos pra você.]

***

UMA SEMANA DEPOIS

Havia várias pessoas ali naquele armazém. De muito não se via comboio daquele tamanho. E ali, no canto, havia dois caminhões cheios, entre alimentos, recursos e dinheiro.

“Acredito que isso é tudo..” – Disse uma oficial do Governo.

“Mais do que precisamos.” – Falou Demerzel.

Enquanto que do lado de um dos caminhões, Greg ainda estava tentando lembrar como vieram parar ali. Ele sabia que estivera em algum lugar, sabia que tinha falado com alguém, mas agora não se lembrava.

‘Por que eu não consigo me lembrar?’

Demerzel bateu-lhe na nuca.

“Ohhh, maluco, vamos, agora temos recursos suficiente para levar para a nossa vila!”

***

Na Megaplex…

O Governador enviara centenas de trabalhadores para pilharem, er, recuperarem os recursos da Megaplex. Tudo ocorrera sem problemas.

Bem, quase sem problemas…

“Governador, fico feliz em informar que estamos bem estocados agora. Os Engenheiros aproveitaram para obter também novos conhecimentos do local. No entanto… há algo estranho acontecendo nos outros Megaplexes.”

“De fato?”

“Sim. Estamos lendo atividades sísmicas em todos eles.”

[OFF: É só um gancho, não precisa correr atrás disso agora.

Ganhou 20 Pesquisas, 50 Duranium e um monte de Industrializáveis.]

### FIM DO PRELÚDIO ###